Revista Pedagógica do IEMG
domingo, 17 de outubro de 2021
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
convite
Convite
Reforçamos aqui, mais uma vez, o convite para que todos enviem os seus trabalhos para a REVISTA PEDAGÓGICA DO IEMG: A correspondência deve ser endereçada à Rua Pernambuco, 47 – Bairro Funcionários \ Belo Horizonte – MG. Aos cuidados de Angela Machado Teles e Ronaldo Campos (Editores da Revista Pedagógica do IEMG) - E-mail: revistapedagogicadoiemg@gmail.com. O Blog da Revista Pedagógica do IEMG é http://iemg2012revistapedagogica.blogspot.com.br/2012/09/a-revista-do-iemg.html
Reforçamos aqui, mais uma vez, o convite para que todos enviem os seus trabalhos para a REVISTA PEDAGÓGICA DO IEMG: A correspondência deve ser endereçada à Rua Pernambuco, 47 – Bairro Funcionários \ Belo Horizonte – MG. Aos cuidados de Angela Machado Teles e Ronaldo Campos (Editores da Revista Pedagógica do IEMG) - E-mail: revistapedagogicadoiemg@gmail.com. O Blog da Revista Pedagógica do IEMG é http://iemg2012revistapedagogica.blogspot.com.br/2012/09/a-revista-do-iemg.html
sexta-feira, 5 de abril de 2019
Texto do primeiro número da Revista do IEMG - O DOSSIÊ MEMÓRIA VIVA: A HISTÓRIA DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS
Pesquisa e texto: Ronaldo Campos
DOSSIÊ MEMÓRIA VIVA: A HISTÓRIA DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS
Pesquisa e texto: Ronaldo Campos
A origem do Instituto de Educação de Minas Gerais
Localizado no bairro Funcionários, próximo ao Parque Municipal, o Instituto de Educação de Minas Gerais (também conhecido como IEMG) ocupa a quadra de aproximadamente 13.200 m² e está delimitada pelas ruas Pernambuco, Timbiras, Paraíba e avenida Carandaí. É uma das mais tradicionais escolas públicas do Brasil e um dos monumentos mais significativos do conjunto arquitetônico e paisagístico de Belo Horizonte. Seu projeto, de autoria do desenhista e arquiteto Edgar Nascentes Coelho e execução de Francisco Soucasseaux, Aurélio Lobo e Bento Medeiros, adotou o espírito do estilo oficial utilizado para as edificações da época em que se criou a nova capital: o ecletismo mesclado com elementos neoclássicos e de outras escolas artísticas.
Concebido para ser o Gymnasio Mineiro, o prédio teve o início da sua construção no ano de 1897. As obras transcorreram rapidamente, sendo parte de alvenaria de pedra e parte de tijolos. No ano seguinte, as obras foram finalizadas, mas o prédio teve outra função. Foi destinado pelo governo para a instalação do Tribunal de Relação e demais departamentos do fórum.
Em 08 de março de 1909, ocorreu a transferência da Escola Normal para o edifício do Tribunal de Relação. Em 1912, é realizada a primeira reforma do prédio da rua Pernambuco para melhor adequá-lo a sua nova função. Em 1920, é realizada a ampliação do salão nobre e a inauguração do cinema auditório. De 1926 a 1930, ocorre uma grande reforma do prédio da Escola Normal efetuada pela firma Rezende e Cia., dirigida e fiscalizada pelo engenheiro Paulo Costa, chefe do serviço de construção de edifícios escolares do Estado. Após a reforma foi apresentada uma nova fachada desenhada pelo arquiteto Carlos Santos (o mesmo que projetou o Grupo Escolar Pedro II). Manteve o mesmo partido arquitetônico, apesar das acentuadas modificações e demolições. (Figura 2) O ano de 1953 foi marcante para esse prédio, um terrível incêndio causado por um curto circuito, iniciado na biblioteca geral, destruiu toda a ala direita. Esta foi reconstruída e, em 1956, no ano do cinquentenário, foi inaugurada junto com o novo prédio anexo do Grupo Escolar de Demonstração do Instituto de Educação de Minas Gerais. Em 1982, mediante o decreto n° 21.966, de 15 de fevereiro de 1982, o prédio do Instituto de Educação de Minas Gerais foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Minas Gerais.
O ESTILO ECLÉTICO DA FACHADA DO PRÉDIO DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS
Uma parcela significativa do patrimônio histórico-artístico arquitetônico da capital mineira pode ser representada pelo estilo eclético historicista, que se manifestou em Belo Horizonte desde o início da sua construção até os anos de 1930. Pode-se observar em vários pontos da cidade muitos estilemas característicos de estéticas diferenciadas, de lugares ou períodos distintos da história da arquitetura. Tais como o classicismo da Antiguidade greco-romana, do renascimento italiano e do neoclássico, misturados com elementos do barroco, do rococó, da tradição árabe, românica, gótica, do art nouveau e do art déco. Utilizados de acordo com técnicas e práticas construtivas dos arquitetos, mestres de obras e as ideologias dos proprietários dos prédios. Um dos melhores exemplos de arquitetura eclética da capital mineira pode ser visto no belo prédio onde está instalado o Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). A fachada principal é marcada por uma escadaria ampla, colunata monumental e uma grande riqueza decorativa que concilia inúmeras influências formais e artísticas em uma composição requintada.
Inicialmente, para entender o significado simbólico do belo edifício da antiga Escola Normal da capital é necessário reconhecer as características chaves do período em que foi construído, além de delimitar o sentido do termo “ecletismo” e a sua extensão\aplicação histórica. De acordo com Reale (1995), o termo ecletismo aparece inicialmente na Grécia antiga quando Diógenes Laércio menciona uma “seita eclética” fundada em Potamon de Alexandria, contudo, receberá uma acepção mais precisa na historiografia filosófica moderna. De modo geral o ecletismo designa a tendência da arquitetura e das artes decorativas para ordenar livremente diversos estilos históricos com o objetivo de combinar virtudes de diferentes fontes em uma única obra sem com isso gerar um novo estilo. Os artistas que trabalharam nessa perspectiva acreditavam que o belo e a perfeição podem ser obtidos a partir da seleção e combinação das melhores qualidades características de grandes mestres e de obras primas. Na arquitetura, o ecletismo ocorreu no século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Surgiu na França, por volta de 1840, entendido como o “uso livre do passado”. Não se trata de uma simples cópia, mas da habilidade de mesclar as formas e características mais importantes estilos variados que contentem as demandas da época por todo tipo de edificação. O principal teórico do ecletismo arquitetônico foi o francês César Denis Daly (1811-1893). No Brasil, o ecletismo arquitetônico foi uma corrente dominante, principalmente, nos projetos de urbanização e reurbanização de cidades como Rio de Janeiro (a reforma Pereira Passos), São Paulo, Manaus e Belo Horizonte. Foi uma tendência dentro do chamado academicismo propagada pela Academia Imperial de Belas Artes e posteriormente, pela Escola Nacional de Belas Artes, durante o século XIX.
A fachada e o tratamento ornamental do prédio da antiga Escola Normal da capital mineira conciliam diversas influências numa composição extremamente sofisticada. Destacam-se elementos ornamentais e arquitetônicos oriundos do neoclássico e do renascentismo. Além disso, o uso de materiais como o ferro e o vidro nos mostram as possibilidades construtivas originadas pela revolução industrial.
Com partido arquitetônico em “E”, o prédio do Instituto de Educação é composto por dois pavimentos e um porão. (Figura 3) A fachada se ordena de acordo com o “padrão grego”: empregaram-se colunas apenas no pórtico, na porta de entrada. Percebe-se claramente que houve a preocupação em obter a sensação de monumentalidade mediante o efeito das massas. E a ornamentação (apesar de ser abundante) subordina-se aos elementos arquitetônicos. Aplicam-se ornamentos clássicos (greco-romanos), renascentistas e modernos.
A composição da fachada do IEMG possui um bloco central ladeado por duas alas de forma quadrangular, que se desenvolvem em torno de um vazio e que estão distribuídas simetricamente em relação ao eixo. O acesso principal se dá por uma grande escadaria ladeada por duas rampas.
Na fachada do Instituto de Educação destaca-se um pórtico, ou seja, uma parte avançada no lado da entrada do prédio, sustentada por quatro colunas com capitéis jônicos com volutas arrematadas por entablamentos decorativos (no templo grego, o entablamento é a parte horizontal de uma ordem clássica, apoiada sobre as colunas e normalmente composta de uma cornija, um friso e uma arquitrave), modilhões (cabeça da viga do entablamento do templo grego) e motivos florais. Estes se inspiram mais no estilo renascentista que propriamente neoclássico.
A disposição das colunas na fachada do Instituto de Educação é do tipo tetraestilo (quatro colunas na fachada). Na entrada principal do edifício (portaria A), tem-se simetricamente posicionadas um conjunto de três portas e três janelas elaboradas e ornamentadas a partir de materiais mistos (madeira, grade\ferro, vidro e estuque). O portal, ou seja, o conjunto de portas principais do prédio tem uma entrada modelada artisticamente: é emoldurado por pilastras decorativas com entablamento “sustentado” por dois consolos (suportes de pedra) e coroada no seu centro com um belo medalhão ricamente ornado com elementos da nossa flora. As portas são tipo “portas francesas” com seis almofadas quadrangulares de vidro distribuídas simetricamente e decoradas com elementos metálicos (grade de ferro batido, sem solda) de formas geométricas formando um elegante desenho de inspiração art déco. As janelas do andar superior são recortadas obliquamente na parede, arco pleno, com enquadramento constituído por molduras com vedação em vidro e na parede decoradas com frisos lisos e com motivos florais de estuque que seguem a forma obliqua das janelas.
O telhado (com telhas francesas) pode ser caracterizado como “telhado escondido”. Esse tipo de telhado, muito usado pelos romanos, foi um elemento chave do Renascimento italiano que foi amplamente copiado em outros lugares e em outras épocas. A sua inclinação é muito baixa e, portanto, fica completamente oculto por uma densa cornija.
De acordo com Pádua (1999), após a grande reforma dos anos de 1926 a 1930, o Instituto de Educação de Minas Gerais passou a ter 13.200 m² de área total e 98 m de fachada. Esta última pode ser dividida em três partes, a saber, um bloco central ladeado simetricamente por outros dois blocos quadrangulares idênticos. Cada uma dessas alas laterais da fachada do IEMG pode ser subdividida em três partes, sendo que a parte central de cada uma delas está em um plano mais avançado em relação às outras duas. Contudo, em comparação ao pórtico (a entrada principal do Instituto), esta parte se apresenta recuada. Em suma, as alas laterais têm esse trecho em plano mais avançado, no eixo, delimitado por pilastras e encimado por entablamento e platibanda com elementos decorativos, mais altos que o restante do bloco formando um volume em destaque, muito comum nas fachadas da arquitetura eclética. A platibanda é uma faixa horizontal que emoldura a parte superior do prédio e que tem a função de esconder o telhado Os vãos são distribuídos simetricamente: três no corpo central, um eixo em cada lateral ladeado por três. Parte dos enquadramentos é arrematada com elementos decorativos em relevo e todos são separados por pilastras com capitéis (extremidade superior das pilastras) e base de forma simples retangular.Esses relevos decorativos são feitos em estuque. Este pode ser definido como uma espécie de argamassa que obtém rigidez e solidez com o tempo. É feito com gesso ou cal fina e areia, algumas vezes misturada com pó de mármore”. Esses elementos decorativos foram agregados a fachada e interior do prédio por meio de pinos de ferro ou de armações de arame. Segundo alguns autores, vários desses arranjos eram criados no próprio espaço da obra pelos artífices. Depois de secos, os trabalhos de estucaria, as paredes e os forros foram pintados em cores diversas as superfícies planas foram pintadas de cor de rosa, os relevos receberam tinta branca e os elementos metálicos foram pintados na cor grafite claro..
CONCLUSÃO
O prédio do Instituto de Educação de Minas Gerais representa ao mesmo tempo um exemplar importante da arquitetura eclética da capital mineira e um símbolo da modernização da cultura brasileira, realizada a partir do século XIX, que abre um portal para a compreensão da dinâmica da vida urbana e que reflete a pluralidade cultural brasileira.. As suas linhas e formas, a fusão de linguagens, o interesse acentuado por novos ícones, a ideia de que a arte e a história devem ser mais ricas do que a realidade, a importância atribuída ao virtuosismo e à noção de abundância, os novos ritmos de fruição e o consumo, derivados da tecnologia industrial, típicos da arquitetura eclética e nos conduzindo a um olhar dialético entre a permanência e a renovação, entre o passado e o presente;
Texto de apresentação do primeiro número da Revista do IEMG
Esta revista nasce de um projeto que foi gestado desde a época das comemorações do centenário de fundação da Escola Normal de Belo Horizonte (o atual Instituto de Educação de Minas Gerais). Resulta de um processo de amadurecimento, que, nos últimos anos, buscou o desenvolvimento quantitativo e qualitativo da nossa instituição de ensino. A equipe que desenvolveu esse projeto é formada por Ângela Teles, Ronaldo Campos e Rosa Maria Vicente Ribeiro[1].
A oportunidade de realizar uma nova revista de educação não se explica somente pelas necessidades internas do IEMG. Mas também pode ser apresentada no fato de que, nos dias de hoje, os problemas educacionais no Brasil não são mais problemas apenas dos educadores. Tornaram-se, pela sua gravidade e pelo impacto que provocam em outras áreas da sociedade, problemas nacionais, sobre os quais todos opinam e decidem: políticos, administradores públicos, profissionais e pesquisadores de outros campos, empresários, organizações da sociedade civil, entre outros. Nesse contexto, é importante que o IEMG tenha um canal próprio de divulgação, que possa contribuir para esse debate, trazendo o aporte da pesquisa e da reflexão metódica sobre os assuntos educacionais.
Por todos esses motivos, é com muita alegria que entregamos à população de Belo Horizonte a primeira edição da “Revista Pedagógica do Instituto de Educação de Minas Gerais”. Esta publicação é um belo convite aos alunos, professores, funcionários e comunidade em geral de Belo Horizonte e do nosso Estado para conhecer uma das mais importantes instituições públicas de ensino através de um trabalho criterioso de pesquisa. A “Revista Pedagógica do Instituto de Educação de Minas Gerais” é para você um presente e uma oportunidade de conhecer um pouco mais a beleza e a riqueza dessa escola centenária
[1] Ângela Teles é natural de Monte Azul (MG). Formada em pedagogia pela PUC-MG. Tem pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior e de Orientação educacional. Trabalhou na PUC-MG como coordenadora de aulas de psicologia dos cursos emergências e na extensão da Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo
Ronaldo Campos é graduado em História e Filosofia pela FAFICH\UFMF. Tem mestrado em estética e filosofia da arte. Leciona no Instituto de Educação e no UNI-BH.
Rosa Maria Vicente Ribeiro foi aluna do IEMG e se formou em magistério no ano de 1968. É bacharel em artes plásticas pela Guignard, tem licenciatura plena em educação artística, artes plásticas e arquitetura de interiores pela FUMA (UEMG). Cursou desenho, estilismo e fotografia (pelo CENEX\UFMG). É professora do IEMG desde 1992.
Educação Patrimonial
A educação
patrimonial configura-se como uma proposta ainda pouco difundida, embora
reveladora de um trabalho que pode tornar-se facilitador de um tipo
conhecimento critico e consciente por parte das comunidades e indivíduos acerca
do seu patrimônio cultural, fortalecendo o seu sentimento de pertencimento. Ou
seja, esse processo de educação é um campo propicio ao desenvolvimento do
conceito de Patrimônio Cultural, permitindo a absorção de novos referenciais
para sua seleção e democratização das práticas culturais. Por esta razão a
educação patrimonial deve ser entendida como uma atividade continua e
cotidiana, envolvendo todos os segmentos que compõem a comunidade escolar,
objetivando preservar os marcos e as manifestações culturais, compartilhar
responsabilidades e esclarecer dúvidas, conceitos e, concomitantemente,
divulgar trabalhos técnicos e informativos pertinentes e seus respectivos
resultados. Em suma, um processo de educação do olhar que ocorrerá tanto no âmbito da educação formal como da educação
não formal, utilizando situações e ações que provoquem reações, interesses,
questionamentos e reflexões sobre o significado e o valor de todo o acervo
cultural do IEMG.
Entende-se por
cultura um sistema de atividades e modos de agir, costumes e instruções de um
povo, meio pelo qual o homem se adapta às condições de existência,
transformando a realidade. Cultura é um processo em permanente evolução,
diverso por natureza e rico em desdobramentos. É um desenvolvimento de um grupo
social, uma nação, uma comunidade, fruto do esforço coletivo pelo aprimoramento
dos seus valores espirituais e imateriais.
O bem cultural é
o produto do processo, assim como os elementos da natureza que proporcionam ao
ser humano conhecimento e consciência de si mesmo e do ambiente que o cerca. O
patrimônio cultural de um povo é formado pela soma dos seus bens culturais.
Cada bem cultural seja objeto, monumento, canções ou obras de arte é testemunho
de uma época da história, que nos permite conhecer o passado, compreender o
presente e planejar o futuro, resgatando informações importantes que auxiliam
as pesquisas atuais no sentido de melhorar o mundo em diversas áreas do
conhecimento.
“Memória viva, uma visão interdisciplinar: o passado e o presente através da Revista Pedagógica do IEMG”
“Memória
viva, uma visão interdisciplinar: o passado e o presente através da Revista
Pedagógica do IEMG”
Ronaldo Campos
Mestrado em Estética e Filosofia da Arte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Graduado em História e Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Professor de História do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG)
E-mail: campos.ronaldo5@gmail.com
Resumo
O trabalho em
questão aborda um dos projetos realizados pelo Instituto de Educação de Minas
Gerais (IEMG) com apoio do Colégio e Pré-vestibular Chromos, sob coordenação do
professor Ronaldo Campos. Este projeto surgiu a partir das comemorações do
centenário de fundação da Escola Normal Modelo e teve como objetivo a
implantação da educação patrimonial e de para gerar o sentimento de
pertencimento, identidade e preservação do Instituto de Educação. Dentro dessa
perspectiva, foi criada uma revista impressa destinada a resgatar a memória
escolar, divulgar os trabalhos e pesquisas de alunos e professores do IEMG que
contribuiu no processo de conscientização.
Palavras-chave:
memória –
narrativas – cultura material escolar - preservação
do patrimônio
O
artigo em questão aborda o projeto “Memória viva, uma visão interdisciplinar”,
realizado no Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) em parceria com o
colégio e o pré-vestibular Chromos, sob a coordenação de Ângela Machado Teles,
Ronaldo Campos e Rosa Maria Ribeiro Vicente. O eixo fundamental desse projeto surgiu
na época da comemoração do centenário de fundação da Escola Normal de Belo
Horizonte (1906-2006) visando preservar e divulgar a história e a importância
dessa instituição escolar através de ações que visavam sensibilizar alunos,
professores, funcionários e demais membros da comunidade escolar para uma
mudança radical de atitude, a saber, de espectadores passivos da proteção e
preservação do patrimônio artístico-cultural para protagonistas ativos desse
processo. Conscientizando-os do papel de formador e divulgador permanente da
memória e do patrimônio cultural do seu grupo social e, em especial, do
Instituto de Educação de Minas Gerais. Pois, acreditamos, que não basta
simplesmente restaurar a estrutura arquitetônica, é impressindível também construir
a consciência de preservação, apropriação e proteção naqueles que vivem o dia a
dia da escola a partir de ações propostas pela educação patrimonial.
O
Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) é uma escola tradicional de grande
destaque no cenário estadual e nacional. Responsável pela formação de muitas
gerações de mineiros. É uma das maiores escolas da rede estadual de Minas
Gerais atendendo a educação infantil, o ensino fundamental, o ensino médio, o
magistério pedagógico e a educação de jovens e adultos. Localizado atualmente
no bairro Funcionários, no quarteirão central que se extende da rua Pernambuco
à rua Paraíba, da rua Timbiras à avenida Carandaí, tem a sua origem na fundação
da Escola Normal Modelo, pela Lei nº 439, de 28 de setembro de 1906. Instalada
oficialmente na capital mineira no no mês de março de 1907 sob a direção de
Aurélio Pires e responsabilidade e fiscalização do Secretário do Interior, na
época, Manuel Thomaz de Carvalho Britto.
A
criação da escola normal da capital se insere dentro de uma ampla reforma da
instrução primária que buscava um novo profissional, técnico e competente,
pois, de acordo com o relatório do governo apresentado pelo Secretário do
Interior, Delfim Moreira, os professores mineiros que atuavam naquela época não
possuiam uma formação adequada. Sendo impressindível “
[...]
melhorar as condições de capacidade profissional do futuro professor, não seria
desacertada a criação nesta capital, de um instituto normal superior,
estabelecimento modelo, calcado sob os melhores moldes, destinado a servir de
tipo ou paradigma aos outros estabelecimentos iguais, criados ou equiparados, e
a preparar professores para as escolas singulares das cidades, as grupadas que
fossem instituídas e as normais inferiores (MINAS GERAIS, 1905, p.123).
Seu
edifício de alto valor artístico e histórico foi concebido para ser o Gynasio
Mineiro. O projeto original é de autoria do desenhista e arquiteto Edgar
Nascentes Coelho e sua execução de Francisco Soucasseaux, Aurélio Lobo e Bento
Medeiros. Adotou o espírito do estilo oficial utilizado para as edificações da
época em que se projetou a nova capital: um ecletismo mesclado com elementos
neoclássicos e de outras escolas artísticas. A construção teve início em 1897 e
finalizada no ano seguinte, “mas o prédio teve outra função. Foi destinado pelo
governo para a instalação do Tribunal de Relação e demais departamentos do
fórum” (CAMPOS, 2012, p.08) Em 1909, a Escola Normal Modelo foi transferida
para o prédio do Tribunal de Relação, na rua Pernambuca, 47. De 1926 a 1930,
foi realizada uma ampla reforma desse prédio quando foi apresentada a nova
fachada desenhada pelo arquiteto Carlos Santos, o mesmo do Grupo Escolar Pedro
II. Em 1946, pela Lei Orgânica do Ensino
Normal - Decreto-Lei n. 8.520, de 2 de janeiro, a Escola Normal Modelo passou a
ser designada de Instituto de Educação do Estado de Minas Gerais (IEMG) e a Escola de Aperfeiçoamento
foi substituída pelo Curso de Administração Escolar (CAE) ministrado a partir
de então pelo IEMG. A nova instituição
escolar passava a ter por função atuar na formação de
professores para o ensino normal e para a ocupação de cargos da administração
do ensino estadual.
Por
essa lei, os novos institutos de educação deveriam englobar do jardim de infância
até a especialização para professores primários e a habilitação em
administração escolar. Essa lei é parte integrante das reformas instituídas por
Gustavo Capanema. Na década de 50, ocorreu um incêndio provocado por um curto
circuito, iniciado na biblioteca geral, destruindo o Grupo Escolar de
Demonstração do IEMG. Reconstruído e inaugurado dois anos depois. O CAE
funcionou no Estado de Minas Gerais entre os anos de 1946 a 1969. No final da
década de 60, foi extinto pela lei nº. 5.540/1968, sendo substituído pelo curso
de Pedagogia do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). De 1970 até 1995,
funcionou como instituição vinculada à Secretaria de Estado da Educação. Em
1995, passou a integrar a FaE/CBH-UEMG e o IEMG foi equiparado às outras escolas
estaduais, mas foi mantido o Curso
Normal de Nível Médio (conhecido
como Magistério) com o objetivo de formar profissionais para atuarem na
educação infantil.
A
ideia de propor um projeto na época do centenário da Escola Normal Modelo se
deu em virtude da sua importância histórica, social e cultural tanto para Belo
Horizonte como para o restante do Estado de Minas Gerais. O Instituto de
Educação é depositário de um riquíssimo acervo museológico e documental, construído
desde o final do século XIX. Outro fator decisivo foi a constatação de que a
história do Instituto está fortemente presente na memória coletiva dos
mineiros.
Primeiramente,
no biênio 2007-2008, realizamos uma roda de conversa com os alunos da escola,
onde foram apresentados vários projetos desenvolvidos em outras instituições
culturais-educativas similares ao IEMG.
Nesse momento, também foram destacados como essas propostas foram
aplicadas e os resultados obtidos. A partir daí, iniciou-se um trabalho que
integrou toda a escola e que foi coordenado por uma equipe interdisciplinar
formada por Ronaldo Campos (professor de história), Rosa Maria Ribeiro Vicente
(professora de artes), Maria Inêz Gonçalves Silva Lima (professora de biologia), Cesaltina Pereira
dos Santos (professora de matemática), Marília Júnia de Andrade (professora de
história) e Luiz Carlos Tomich (Museu da Escola). Na primeira fase dos
trabalhos, buscou-se um diálogo constante tanto com os alunos como com os
professores acerca da temática proposta. Era importante saber o que eles
entendiam por cultura, memória, patrimônio, identidade cultural, preservação,
etc.
Em
seguida, as ideias foram amadurecendo e dando origem a uma série de atividades
desenvolvidas pelos professores e alunos que envolviam toda a comunidade
escolar, buscando resgatar a missão originária do IEMG ao pensar a instrução
pública a partir de uma postura dinâmica e empreendedora que une tradição e
modernidade visando enfatizar a importância da pesquisa histórica e da reflexão
metódica sobre os assuntos educacionais numa abordagem interdisciplinar,
resignificando a práxis docente. O
envolvimento dos alunos e professores nos vários projetos desenvolvidos a
partir do ano de 2008 demonstra que os envolvidos ultrapassaram o conteúdo
curricular e criaram uma espécie de diálogo entre teoria e prática num
abordagem pedagógica de sala de aula expandida. Geralmente, os projetos foram
muito bem aceito por professores, que reconheceram nestas atividades
alternativas a posssibilidade de trabalhar com temas transversais de forma
interdisciplinar. Dentre esses projetos, destaca-se entre outros, o “Projeto
Educação e Patrimônio – escolas tombadas de Belo Horizonte: nossas escolas no
IEMG”, em 2008, em parceria com o IEPHA; o “Projeto Conhecer para preservar –
sujeitos da memória, também em 2008, em parceria com o Museu da Escola
destinado aos funcionários da limpreza,
da manutenção e da administração; o “Projeto Protagonismo Juvenil – Gente de
Cultura”, em 2009, em parceria com o IEPHA, direcionado para os alunos do
ensino médio que se transformaram no ano seguinte como multiplicadores do
saber.
O
nosso projeto original previa a produção de um livro, contudo, em virtude do
pouco tempo e dos escassos recursos disponíveis para a realização de uma
pesquisa historiográfica mais aprofundada, optou-se pela criação de uma revista
periódica que tivesse o propósito de aproximar alunos e professores do acervo
do IEMG, das atividades de pesquisa, levando a redescobrir a história da sua escola
através de antigas fotos, filmagens, livros e outros tipos de fontes históricas
que estavam perdidas ou esquecidas. Ao mesmo tempo, em que eles conseguiriam destacar
a importância da preservação do patrimônio público que compõem a memória da
educação e dos seus principais atores da nossa cidade e do nosso Estado.
A
Revista Pedagógica do IEMG é uma publicação anual impressa com tiragem de
aproximadamente seis mil exemplares que são distribuídos gratuitamente. Esse
periódico se estrutura a partir de uma base dupla: de um lado, o resgate da
história do Instituto, do outro, a visibilidade de práticas pedagógicas
inovadoras. No primeiro caso, ao resgatar a história e a importância do IEMG, é
possível orientar uma série de ações para um trabalho de conscientização e
preservação do prédio do IEMG. Pois, preservar o
patrimônio artístico e histórico de uma cidade é uma forma de reviver o nosso passado
e de compreender a nossa identidade cultural. Nesse processo busca-se a
valorização, o conhecimento e a preservação do patrimônio cultural de nossa
escola. Para tanto, na revista e nas aulas diárias, sempre que possível,
busca-se como fundamentação teórico-metodológica as propostas de temas
transversais. No segundo caso, a revista é um importante veiculo para divulgar
os projetos e trabalhos dos professores promovendo a troca de conhecimento, uma
ação interdisciplinar e o debate entre a comunidade escolar.
O
nosso grande desafio é o de criar na revista um espaço para se apresentar novas
propostas, pensar e redefinir as práticas educativas, construir elementos para
uma gestão democrática dentro da escola. Pois, é sabido por todos que os
grandes desafios atuais da educação brasileira podem ser superados e até
vencidos através do contato, da conversa e da troca de experiências, que
envolve alunos, pais, professores, coordenadores, gestores e, claro, a
comunidade em que a nossa escola faz parte. Então, essa revista pode ser
considerada um reforço pedagógico adicional para melhorar a nossa prática
educativa\formativa.
O
primeiro número da Revista Pedagógica do IEMG, de agosto de 2012, reuniu uma
série de trabalhos e grupos de estudo\pesquisa que foram produzidos entre o ano
de 2006 e 2011, com forte ênfase no aspecto histórico e no debate acerca da
importância da preservação do patrimônio histórico-artístico e cultural da
nossa escola. Pois, o Bem Cultural materializa e torna possível os sentimentos
de identidade, compartilhamento e de pertencimento evocado pela memória e pela
cultura. Possibilitando a partir dele a construção de identidades\memórias
coletivas, fortalecendo os elos comuns e a herança que futuramente será
transmitida às novas gerações. De acordo com os grandes historiadores, a única
possibilidade de enxergar as “imagens do passado” é nos colocando na história.
Esta se dá na relação entre o presente e o passado, ou seja, para cada presente há um passado, pois o
universo da experiência humana é infinito. Essas ideias trazem de modo
implícito a noção de história como “a ciência dos homens no tempo” (BLOCH,
2001, p.55) que deve ser realizada a partir de tudo o que a engenhosidade do
historiador permite [...] Tudo o que o homem diz ou escreve, tudo o que
fabrica, tudo o que pode e deve informar-nos sobre ele. (LE GOFF, 2003, p.107)
Gagnebin nos lembra que no pensamento de Ricoeur
[...]
a história é sempe, simultaneamente, narrativa (as histórias inumeráveis que a
compõem; Erzahlung, em alemão) e
processo real (seqüência das ações humanas em particular; Geschitchte), que a história como disciplina remete sempre às
dimensões humanas da ação e da linguagem e, sobretudo, da narração (GAGNEBIN,
2006, p. 43)
Nos quatros números da Revista
Pedagógica do IEMG, é possível perceber que ao lado dessa concepção de história
adotamos também a concepção de escola como um lugar da memória, isto é, a instituição
escolar como um espaço carregado de elementos simbólicos presentes na sua
estrutura física e que são significativos para a história\memória do grupo
social que vivenciou esse local da memória. A arquitetura escolar não é neutra
e guarda elementos que são verdadeiros recados do passado para o presente no
formato de monumentos. Por exemplo, basta prestar bastante atenção a algumas
características de uma sala de aula típica, tais como: o formato retangular da
sala, a porta de entrada próxima à mesa do professor, o alinhamento das
carteiras, os alunos agrupados sob o paradigma númerico, idade e nível de
aprendizagem, a aula ministrada a partir de um dado horário e um programa
previamente estabelecido, para descobrir que essas características nos remetem
as oficinas do início da revolução industrial. De acordo com Cortez; Souza
(2004, p.07),
Outras
marcas são ainda mais velhas: o aviso de silêncio na biblioteca, o desenho do
pátio e dos corredores guardam à memória dos mosteiros; as aulas expositivas
das primeiras universidades, os exercícios dos colégios medievais. O
quadro-negro e o giz, a lembrança dos salesianos no século XVII. A entrada da
escola, com seu hall de circulação e
os muros que a rodeiam, abriga prescrições contra-reformistas.
Todos os elementos e estruturas
citados fazem parte da história e da etnografia escolar possuem uma grande
força de evocação e fazem parte, menos de uma memória histórica
tradicionalmente concebida, e bem mais das lembranças e memórias dos que por eles passaram. Pois, a memória (nos seus atos de lembrar e esquecer)
se enraíza no espaço concreto, no gesto, na imagem, no objeto. Não é singular,
mas plural. É afetiva, atual, criativa, múltipla, desacelerada, coletiva,
plural e individualizada. Nasce de um grupo que ela une, pois, nas palavras de
Halbwachs (1990), há tantas memórias quantos grupos existem. A memória
individual é enriquecida pela memória coletiva. Esta é gerada e propagado
através dos depoimentos que os sujeitos autorizados enunciam através dos
diversos lugares sociais. Para Nora (1993, p. 09), a história é sempre
problemática e incompleta. Algo que não existe mais: uma forma de representar o
passado. Bem diferente do fenômeno da memória que pode ser definido como algo
sempre atual: um elo vivido no eterno presente. Pois, sendo “afetiva e mágica,
a memória não se acomoda a detalhes que a confortam; ela se alimenta de
lembranças vagas, telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou
simbólicas, sensível a todas as transferências, cenas, censura ou projeções.”
(NORA, 1993, p. 09).
A
memória não é um receptáculo passivo – a memória é ativa. Só podemos nos
lembrar das coisas que significam algo para nós. Assim, organizamos nossas
memórias de um jeito que elas façam sentido antes que nos lembremos das coisas.
Memórias sem sentido são não-memórias, coisas de que não podemos nos lembrar.
Mas ‘significado’ não é simplesmente uma categoria subjetiva [...]Não nos
lembramos das memórias que não têm significado para nós. Organizamos a memória
da maneira como desejamos falar sobre elas. (FENTRESS, 2007, p.36).
O
nosso objetivo desde o início foi o de valorizar a memória e a identidade do
IEMG a partir de um processo onde o aluno, o professor e os demais membros da
comunidade escolar possam se identificar, reconhecer, valorizar e contribuir
para a preservação da memória, da história e do patrimônio
arquitetônico-artístico do Instituto de Educação. É importante lembrarmos que
os valores e o significados não se encontram a priori nas coisas mesmas, não
foram previstos desde que o bem cultural foi constituído. Por isso eles
precisam ou ser explicitados ou construídos. Esse é um processo permanente que é
produzido a partir das interrelações que o sujeito estabelece entre o passado,
o presente, a sua realidade e as pessoas com as quais convivem. Isto por que
memória, patrimônio, cultura e identidade são termos abstratos e que não
existem por si mesmos. Só existem a partir das relações que são estabelecidas
pelas pessoas de uma determinada sociedade que vive numa época e num local
específicos. Pois, a memória não é propriamente uma reconstrução, mas sim uma
reconstituição do passado a partir dos nossos questionamentos no presente. Para
Meneses (2007, p. 26), “Toda memória é social. Tudo bem – mas por quê? Porque
pressupõe interlocução. [...] existe memória individual, lembrança, rememoração
[...] e só quando se socializa é que ela pode aparecer.”
Nos
seus quatro números já editados, a Revista Pedagógica do IEMG partiu da ideia
de que para haver uma narrativa significativa é importantíssimo que exista uma
escuta atenta. Nós – a equipe que produz a revista – tomou para si essa tarefa
e buscou formas para contribuir para que os atores desse processo se reconheçam
como parte dessa história e que compartilhem do sentimento de pertencimento ao
Instituto de Educação. Assim, ao resgatar depoimentos, memórias e histórias do
passado, estamos contribuindo para o processo de construção de narrativas que permitam
a constituição e a legitimação da identidade social, da memória coletiva dessa
instituição escolar e dos discursos\ações de preservação do seu patrimônio
material e imaterial.
Ao
longo do processo de construção da revista, evitamos impor uma visão de mundo
como a única ou a mais adequada (a mais certa). Trabalhamos com a premissa de
que as pessoas (que fazem e fizeram parte da história do IEMG) são capazes (a
partir do seu conhecimento\ da sua vivência prévia) de “escolher” o que vai ser
preservado\lembrado. Sem a necessidade de ficar o tempo todo dizendo “esse bem
cultural” ou “tal história\memória” tem um grande valor e, por isso, merece ser
reconhecido\preservado. E, assim, estamos valorizando a(s) história(s) das
pessoas. Resgatando do silêncio e do esquecimento histórias\narrativas de
personagens ‘excluídos’ da história tradicional. Privilegiando relatos orais e
os conhecimentos não sistematizados. Tornando a memória como algo que
transcende “o passado que já se foi” e indica um futuro como campo de
possibilidades que se busca construir, onde elementos culturais têm a função de
evocar o passado e articular um discurso de legitimação para torná-lo significativo.
A memória\o passado se torna uma metáfora para definir quem somos “nós” e quem
são os outros. Quem já fomos e quem queremos ser.
REFERÊNCIAS
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Leopold Benjamin. Apologia da História
ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
CORTEZ, Maria
Cecília; SOUZA, Christiano de. A escola
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GAGNEBIN, Jeanne
Marie. Lembrar escrever esquecer.
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HALBWACHS,
Maurice. A memória coletiva. São
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LE GOFF,
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memória na formação culutral humana. São Paulo: Edições Sesc, 2007.
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Bezerra. “Paradoxos da memória”In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura: a importância da
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Edelweiss de Paiva. Instituto de
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SELIGMANN SILVA,
Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as
culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura: a importância da memória na formação culutral
humana. 2007
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Revista
Pedagógica do Instituto de Educação de Minas Gerais
Ano
2 \ Número 2\ maio 2013 \ Belo Horizonte – MG
FICHA
TÉCNICA DA REVISTA
PEDAGÓGICA DO IEMG - SEGUNDO NÚMERO (2012)
Governador
do Estado de Minas Gerais: Antônio Augusto Anastácia
Secretária
de Estado da Educação: Ana Lúcia Gazzola
Superintendente
da Metropolitana A: Elci Pimenta
Diretor do
Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG): Orivaldo Diogo
Concepção do
projteto: Angela Machado Teles
Conselho da
revista: Ronaldo Campos, Rosa Ribeiro, Angela Machado Teles
Pesquisa
histórica: Ronaldo Campos
Instituto
de Educação de Minas Gerais
Rua: Paraíba, 1787 - Bairro Funcionários Belo Horizonte – Minas Gerais CEP:
30130-150
Telefones: (031) 32737511
|
Projeto
gráfico:
Imagem
da capa: Alunas do 3° ano do Curso de Formação do IEMG – 1956 (Foto: reprodução
\ acervo do IEMG)
Texto
da Ângela
Editorial
A normalista Beatriz Gomes de Oliveira, recebendo das mãos do presidente da república do Brasil, Juscelino Kubitschek, o Prêmio Brasil – 1° lugar (Foto: reprodução \ acervo IEMG)
Comissão do Instituto de Educação, quando convidava o presidente da república do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira para ser o paraninfo das diversas turmas de diplomandos do ano de 1956, JK E a comissão (pela ordem da fotografia): professor Wilson Chaves, professor Emanuel Brandão Fontes (diretor do IEMG), professora Hemengarda de Figueredo Castro, Juscelino Kubistchek (presidente do Brasil), professora Carmen de Melo e professora Maria Yonne Mata Machado de Castro. (foto: reprodução \ acervo do IEMG)
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É com imenso prazer que apresentamos o segundo número da
Revista Pedagógica do IEMG, voltada para a redescoberta da história dessa
importante instituição de ensino, a analise das ideias pedagógicas
contemporâneas, a compreensão da problemática educacional e para a inovação e
experimentação pedagógica realizada por professores e alunos através de
projetos e oficinas.
O lançamento de um segundo número sempre é acompanhado de
expectativas e esperanças. É também um momento de celebração, depois de meses
de trabalho intenso por parte de toda a equipe envolvida na preparação dos
textos, nas pesquisas de imagens, na criação e desenvolvimento da revista. Essa
revista nasceu do sonho e da dedicação de professores, alunos e funcionários
que todos os dias ajudam a construir uma escola melhor, mais dinâmica,
participativa e democrática. É um importante instrumento pedagógico que
representa a confiança num ensino público de qualidade capaz de transformar
positivamente para alunos, professores e demais pessoas da comunidade. É uma
publicação que busca integrar teoria e prática de forma dinâmica e inovadora.
O objetivo desse número é oferecer ao leitor a
oportunidade de conhecer mais um pouco a história do IEMG e a de fornecer um
balanço do conhecimento e das atividades elaboradas pelo Instituto ao longo do
último ano. O resultado é um panorama da complexidade de perspectivas que o
debate dos temas aqui apresentados requer, apontando para a exigência de um
ethos escolar sempre dinâmico.
A equipe da revista: Silvana Cayres, Ângela Machado Teles, Rosa Maria Vicente, Ronaldo Campos (Acervo: Ronaldo Campos)
Apresentação
Atualmente, no Brasil, a educação busca responder antigos
e novos desafios propostos pelos indivíduos e suas famílias, pela sociedade de
modo geral, pelas políticas nacionais e internacionais. A escola brasileira
está diante de desafios cada vez mais complexos: ação dos professores, gestão
democrática da educação, escola inclusiva.
Sumário
Lançamento da primeira edição da Revista Pedagógica
do IEMG
Magistra – Escola de formação e
desenvolvimento profissional de educadores: a escola da
escola.
A participação do Instituto de Educação de Minas
Gerais na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) no
ano de 2012.
O desempenho dos alunos do Instituto de Educação de
Minas Gerais (IEMG) nas provas oficiais,
nos concursos de vestibulares e no Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM).
Encontro de professores (2012) e de especialistas (2013) da rede estadual de
ensino no hotel
Tauá.
Cerimônia e Festa de conclusão do ensino médio
Memória
Viva - Uma história de muitas histórias: A presença feminina nas artes e na
educação em Belo Horizonte (texto de Ronaldo Campos)
Educação:
para onde vamos? (texto de Elza de Moura)
Transformações
do espaço e da arte: a educação do olhar através do ensino das artes (texto de
Rosa Maria Vicente
Ribeiro).
Depoimento: minha história no Instituto de
Educação (texto de Cristina Fraiha Pereira Pinto).
Exposições
e
Projetos.
Entrevista
com Elza Machado de Melo
Lançamento da primeira edição da Revista Pedagógica do IEMG
O primeiro número da Revista Pedagógica do IEMG (Foto: Ronaldo Campos)
A educadora e escritora Elza de Moura e a Gerente da Unidade Centro do Colégio Cromos Adriana Camargo Macena (Foto: reprodução)
Raimundo Nonato,Valter Batista Teixeira , Orivaldo Diogo, Sônia Andere , Maria das Graças Pedrosa Bittencourt , Ávia Bueno, Silvana Cayres, Ângela Machado Teles, Adriana Rocha Macena (Foto: reprodução)
Raimundo Nonato, Adriana Rocha Macena, Ávia Bueno, Orivaldo Diogo, Maria das Graças Pedrosa Bittencourt, Silvana Cayres Sônia Andere ,Ronaldo Campos, Ângela Machado Teles, Rosa Maria Vicente (Foto: reprodução)
Alunos do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) na cerimonia de lançamento do primeiro número da Revista Pedagógica do IEMG (Foto: reprodução - site <http://blog.educacao.mg.gov.br/wpracs/uma-historia-em-muitas-paginas-para-folhear/#more-4768> )
Rosa Vicente, Ângela Machado Teles, Valter Batista Teixeira, Silvana Cayres, Adriana Rocha Macena (Foto: reprodução)
Apresentação do pianista Vagner Machado executando as músicas “Cannon”, de Johann Pachelbel e a “Grande Valsa Brilhante” de Frédéric Chopin.
Beatriz Neves Batista, Luiz Gonzaga Cascardo de Carvalho, Beatriz Maria Machado Teles de Carvalho, Isaura Machado Teles, Angela Camargo, Angela Machado Teles e Adriana Rocha Macena (Foto: reprodução)
No dia 25 de setembro
de 2012, foi lançado no Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG), o
primeiro número da “Revista Pedagógica IEMG”. A cerimônia contou com as
presenças de Sônia Andere (Subsecretária de Tecnologia e Formações
Educacionais) representando Ana Lúcia Gazola (Secretária de Estado da
Educação), Maria das Graças Pedrosa Bittencourt (Superintendente de
desenvolvimento da educação infantil e fundamental) representado Raquel
Elizabeth (Subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica), Ávia Bueno (Diretora
da Educação – Metropolitana A) representando Elci Pimenta Costa Santos
(Diretora da S. R. E. – Metropolitana A), Valter Batista Teixeira (Presidente
da Rede Cromos), Adriana Rocha Macena (Gerente da Unidade Centro do Colégio
Cromos), Cibele Moreira (Gerente de Marketing da Rede Cromos), Ângela Camargo
(Coordenadora de Eventos da UNA), Beatriz Neves Batista (Núcleo UNA Jovem),
Raimundo Nonato (Escritor Imortal da ALB-MG e Ex-Diretor do IEMG), Elza de
Moura (Escritora e Educadora) e Carlos Henrique Alves da Silva (Diretor da
Escola Estadual Barão do Rio Branco)
O evento foi marcado
por belos e calorosos discursos que destacaram a importância da educação como
um elemento de transformação social. Além de ressaltar o comprometimento do
IEMG e do governo estadual com a qualidade e a inovação do ensino. Um momento
especial foi a homenagem ao presidente da Rede Chromos de Ensino, Valter
Batista Teixeira, pelo apoio e patrocínio na realização dessa revista.
Outro destaque do dia
de lançamento da revista foram as apresentações dos talentos artísticos dos
estudantes do IEMG. Ariane Areal (bailarina do Centro de Informação Artística
do Palácio das Artes e aluna do 3° ano I – 2012) apresentou um solo de ballet
contemporâneo. Gabriela Soares (aluna do
3° ano H – 2012) homenageou todos os professores que passaram pela Escola
Normal Modelo\Instituto de Educação. A cerimônia foi encerrada, com uma
apresentação do pianista Vagner Machado que executou com brilhantismo e
virtuosismo as músicas “Cannon”, de Johann Pachelbel e a “Grande Valsa Brilhante” de Frédéric Chopin.
A Revista Pedagógica
do IEMG teve tiragem de seis mil exemplares e foi distribuída para alunos,
professores, comunidade escolar, entidades de Minas Gerais e de todo o
território nacional que fazem parte da
história da instituição.
Ao lado da O governador de Minas Geranis, Anastasia ao lado de Ana Lúcia Gazzola (Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais) na sede da Magistra. (Foto reprodução - ACS http://www.\SEE, disponível no site: canalminassaude.com.br/noticia/governo-de-minas-inaugura-escola-magistra-para-capacitar-profissionais-da-educacao)
Exposição na Magistra de peças pertencentes ao Museu Leopoldo Cathoud que anteriormente fazia parte do Instituto de Educação de Minas Gerais \IEMG. (Foto: reprodução)
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Magistra – Escola de formação e desenvolvimento profissional de educadores: a escola da escola
Magistra – Escola de formação e desenvolvimento profissional de educadores: a escola da escola
Ao longo da sua história, o Estado de Minas Gerais
se destacou na área da educação pelo seu dinamismo e inovação. A Escola Normal Modelo,
a Escola de Aperfeiçoamento, o curso de Administração Escolar são exemplos do
pioneirismo e vanguardismo do nosso Estado. Dentro dessa tradição, na atual
gestão do governador Antônio Augusto Anastasia, foi criada a Escola de formação
e desenvolvimento profissional de educadores – Magistra. Localizada, no bairro
Gameleira, em Belo Horizonte, na antiga sede da Secretaria de Estado de
Educação (avenida Amazonas, 5855). Também fazem parte do novo espaço, o Museu
da Escola Ana Maria Casasanta e a Biblioteca Bartolomeu Campos de Queirós. As
duas instituições possuem, em seu acervo, material de pesquisa e documentos que
contam a história da educação em Minas Gerais.
O foco de
ação da Magistra é o educador como sujeito – nas
suas dimensões pessoal, profissional, cultural, ética e estética. A sua meta é
se tornar uma instância capaz de coordenar, difundir e induzir políticas de
formação de educadores em rede, articulando instituições formadoras, órgãos de
pesquisa, entre outros, atingindo todas as Redes Públicas de Ensino no Estado
de Minas Gerais. Promovendo a formação e a capacitação de
educadores, gestores e demais profissionais da Secretaria de Estado da Educação
do Estado de Minas Gerais, nas diversas áreas do conhecimento e em gestão
pública e pedagógica.
Não
é objetivo da Magistrar substituir as instituições formadoras regulares. Mas se
transformar em um espaço do educador, devendo acolhê-lo numa rede de
pertencimentos por meio da adesão aos processos de formação, articulados e em
rede. Potencializando os processos de
formação, através da criação, pesquisa, divulgação, avaliação, relflexão e
experimentação de boas práticas de gestão e interação pedagógica. Assim, o seu
objetivo principal é o de melhorar o desempenho educacional das escolas, dos
educandos de modo geral e consequentemente dos estudantes mineiros.
Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben e Paula
Vianna Cambraia são respectivamente diretora e vice diretora da da Escola de
formação e desenvolvimento profissional de educadores – Magistra.
Encontro
de professores (2012) e de especialistas (2013) da rede estadual de educação no
Resort Hotel Tauá (Caeté)
Durante quatro dias, em setembro de 2012, os professores de
escolas estaduais mineiras e especialistas convidados participaram de um
importante encontro organizado pela Magistra e Secretária de Estado de Educação
de Minas Gerais. Realizado no Resort Hotel Tauá, esse congresso possibilitou a
troca de experiências na área da educação e a apresentação e o registro dos
projetos exitosos realizados na rede pública.
Os objetivos desses encontros foram conhecer as prioridades
da política da Educação Mineira, avaliar os trabalhos desenvolvidos no ano
anterior, consolidar conhecimento sobre o SIMAVE e discutir os resultados do
PROEB, ampliar conhecimentos sobre a concepção e a estrutura dos Conteúdos
Básicos Comuns – CBC e sua implementação no currículo dos Anos Finais do Ensino
Fundamental e Médio, desenvolver oficinas dos diferentes conteúdos curriculares
tendo em vista a capacitação dos professores; e estreitar os laços de
companheirismo e solidariedade entre os professores, compartilhar conhecimentos
e experiências.
Entre
os dias 11 e 15 de março de 2013, no Resort hotel Tauá (município de Caeté) foi
realizado pela Magistra um encontro com orientadores, coordenadores e
supervisores para discutir o papel dos especialistas da educação básica. Mais
de mil profissionais de 530 escolas da Região Metropolitana (Metropolitanas A,
B e C) de Belo Horizonte participam desse evento. Foi ressaltada a importância
desses profissionais junto ao diretor na gestão da escola, na efetivação de uma
escola inclusiva, participativa e democrática; na construção de uma educação de
qualidade; entre outros. Durante esse evento, palestras, conferências,
oficinais e minicursos abordando temáticas variadas (da elaboração de projetos
ao cuidado com a voz) foram realizados.
Plateia do
Encontro de professores da rede estadual
de educação no Resort Hotel Tauá, em Caeté (2012)
Palestra
do professor Celso Vasconcellos no Encontro de Especialistas (Foto
Reprodução\acervo: Angela Machado Teles)
Plateia
do Encontro de especialistas da rede estadual de educação no Resort Hotel Tauá,
em Caeté (2013)
Angela Machado
Teles (especialista em educação do Instituto de Educação de Minas Gerais) e Ana
Lúcia Gazzola (Secretaria de Estado da Educação)
Encontro
de Especialistas: professora Benta Maria de Oliveira ( filha da nossa ex-
Diretora do IEMG - D. Zélia de Andrade Paiva ) com as especialistas de Educação
do Instituto de Educação Ângela Teles e Quitéria Andrade (Foto: reprodução -
acervo Angela Machado Teles)
A
participação do Instituto de Educação de Minas Gerais na Olimpíada Brasileira
de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) no ano de 2012
A
Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Pública é uma promoção do Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Ministério da Educação (MEC), realizada pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada
(IMPA) com o apoio da Sociedade
Brasileira de Matemática (SBM).
Objetiva estimular o estudo da matemática e revelar talentos na área. Voltada para a escola pública,
seus estudantes e professores, a OBMEP tem o compromisso de afirmar a
excelência e o mérito como valores importantes para o ensino público. Suas
atividades vêm mostrando a importância do ensino da Matemática para o futuro dos jovens e para o desenvolvimento do Brasil.
A Olimpíada da Matemática consegue captar
a atenção e o interesse não só dos alunos mais preparados, mas fundamentalmente
estimular e embasar os que apresentam baixo desempenho. Além disso essa
competição tem conseguido desmistificar uma ideia que está arraigada na mente
dos estudantes: a crença de que a matemática é uma matéria difícil. As provas
da OBMEP trabalham de forma lúdica e prazerosa a construção do conhecimento,
focando sua aplicação, ao trilhar por um caminho que ele mesmo tenta construir,
onde faz inferências, levanta hipóteses e tira suas conclusões de maneira
independente.
Desde
o seu início, a participação tem aumentando de modo constante. No ano de 2012,
por volta de 19 milhões de alunos se inscreveram na OBMEP e 99,4 % das cidades
brasileira estiveram representadas nessa competição. Tornando essa competição a
maior Olimpíada de Matemática do mundo. Mais de
10 mil estudantes mineiros foram premiados na sua última edição.
Os
resultados positivos do IEMG são o resultado da dedicação dos alunos e do
trabalho competente dos professores de matemática. De acordo
com o site da OBMEP (http://www.obmep.org.br/premiados.htm), o
Instituto de Educação de Minas Gerais teve dois alunos premiados. Solano Omar
Oliveira do Nascimento com medalha de ouro e Bruna Coutinho Leal com medalha de
bronze. Outros vinte e um alunos do IEMG receberam menção
honrosa. São eles: Cristian Luiz dos Santos Oliveira, Gabriel Victor da Silva
Nascimento, Gustavo Henrique Cerceau Patricio, Jeniffer Soares dos Reis, João
Filipe Baeta da Costa, Isabela de Moura M, dos Santos, Izadora Muniz Prates,
Tulio Cardoso Cunha, Yuri Alves Ribeiro, Na Kang Jin, Camila Soares Gonçalves, Chen Dehua, Daliane Maria
Borges Batista de Oliveira, João Pedro Peda Dutra, Leticia Chagas Marques,
Lucas Ferreira Domingues, Luiz Fernando Gomes Silva, Rhaylander Mendes de
Almeida, Richard Henrique Passos Fonseca e Thais Ruanne Silva Costa.
O
desempenho dos alunos do Instituto de Educação de Minas Gerais nas provas
oficiais, nos concursos de vestibulares e no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)
De acordo com os
números divulgados pelo Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb), o
Estado de Minas Gerais se destaca como referência nacional em qualidade no
campo da educação. O nosso Estado está
no topo do ranking das avaliações do aprendizado de crianças e jovens no
Brasil. Na avaliação dos anos iniciais do ensino fundamental da rede estadual,
41,5% das escolas mineiras alcançaram o índice maior ou igual a 6 em 2011.
O Instituto de
Educação, referente ao 5º ano do ensino fundamental recebeu o índice de 6,9.
Número superior ao da rede estadual mineira, que alcançou 6,0 e foi a melhor do
país. No 9º ano do ensino fundamental, o Instituto ficou com 4,6. Índice também
superior ao da rede estadual de Minas, que foi de 4,4 e foi classificada como a
segunda melhor do país. Os alunos do terceiro ano do ensino médio também se
destacaram nos vestibulares das faculdades e universidades mais importantes de
Minas Gerais.
Alunos
do IEMG resolvendo as questões da prova do PROEB (29 de novembro de 2012)
(foto: reprodução\acervo Angela Machado Teles)
Cerimônia
e Festa de conclusão do ensino médio
A
cerimônia de conclusão do ensino médio foi realizada no auditório do IEMG. Contou
com a participação dos alunos, professores, funcionários, pais, demais
familiares e amigos. Foi um momento muito especial, por que representou o
primeiro passo para a conquista da independência. Mas, é também o inicio de uma
vida repleta de compromissos e responsabilidade.
A
formatura dos alunos do ensino médio significa uma conquista. É o momento que
encerra a vida escolar e que inaugura uma nova vida em um curso superior onde
estará em busca da conquista de uma profissão e do pleno domínio da sua cidadania.
O
Baile de formatura foi realizado no Mix Garden, no bairro Jardim Canadá. O
salão com ótima estrutura destacou-se pela beleza e modernidade. A festa foi impecável.
Memória
Viva (Texto de Ronaldo Campos)
Uma história de muitas histórias:
A presença feminina nas artes e na
educação em Belo Horizonte
A narração da própria vida é o
testemunho mais eloquente dos modos que a pessoa tem de lembrar
Ecléa Bosi
Introdução
Nós somos finitos e marcados pela temporalidade. Sofremos
uma espécie de condenação imposta pelo tempo que “como um inseto perseverante
devora mecânica e inexoravelmente toda vida, realizando assim sua obra de
decomposição” (CANDAU, 2011, p. 15) O que nos permite parar (ou pelo menos
diminuir) as ações e os efeitos do fluxo do tempo sobre nós é a memória. Graças
a ela o passado não está definitivamente inacessível ou perdido, porque é
possível revivê-lo através da rememoração do que se passou. A
memória atua sobre o tempo. Permitindo atribuir um novo significado ao sentido
existencial, atualizando os conteúdos experimentados. A memória costura, tece o
passado no presente, compondo tramas e enlaçando-se em novas possibilidades
existenciais.
Não nos lembramos das memórias que não têm significado
para nós. Pois, de acordo com Candau (2011), a memória ao mesmo
tempo em que nos modela, é também modelada por nós. Memória e identidade se
relacionam dialeticamente. Ambas se apoiam uma na outra com o intuito de gerar
uma trajetória de vida, uma história, um mito ou uma narrativa. É um trabalho
de reapropriação e negociação para que o nosso passado não se perca no
esquecimento. Sem as lembranças e destituído da memória, o sujeito é
aniquilado. Busca-se combater o medo do esquecimento a partir de estratégias de
rememoração pública e privada. As biografias enquadram-se como uma delas.
O gênero biográfico é uma forma importante dentro dos estudos
históricos. Pesquisar a vida de um determinado indivíduo abre um campo de
possibilidades para se compreender a época em que essa pessoa viveu. Através da
biografia é possível entender que todos nós nos organizamos em grupos que
partilham certa sensibilidade diante das questões da época em que vivemos e da
sociedade em que nos inserimos, por meio das trocas culturais, articulações e
contatos. Escrever a biografia de uma determinada pessoa implica “arrastar”
através da história , “como se fosse um imã em uma limalha. Implica situá-lo
nos campos possíveis onde o indivíduo se move e se constitui. Implica também
falar de uma série de assuntos que, de forma direta ou tangencial, refletem a
sua trajetória.” (NASCIMENTO, 2009, p.146)
Quando reconstituímos as narrativas de vida, ainda que o foco
esteja em assuntos particulares da trajetória de um individuo, requer uma
mobilização da multiplicidade dos seus pertencimentos. A memória individual
compõe a nossa memória
social. E o ato de lembrar em conjunto, compartilhando a memória, é uma
atividade que constrói pontes de relacionamento entre pessoas, associadas a uma
bagagem cultural comum.
O
Instituto de Educação de Minas Gerais (antiga Escola Normal Modelo) representa
um lugar da memória da nossa cidade, da escola, da educação brasileira, da
trajetória de professores, alunos e funcionários que passaram pelas suas salas
de aulas e demais espaços. Contudo, com o passar dos anos, muitas dessas
narrativas de memórias se perderam, uma vez que para as lembranças permanecerem
vivas é necessário que sejam relembradas e revividas no presente.
Essas
lacunas produzidas pelo tempo e pelo esquecimento podem ser preenchidas. Por
que a partir do ato de (re)velar o esquecido, o passado pode ser recuperado e
reconstruído com novas significações. A nossa realidade presente pode ser
reconstruída com as centelhas do passado. Assim, a trajetória de grandes personalidades
que foram responsáveis por momentos memoráveis da nossa história e que se
encontram apagados, pode mais uma retomar o seu lugar no mundo. Redescobriremos
a história de Jeanne Louise Milde, Helena Antipoff, Elza de Moura, Lúcia
Casasanta e Alaíde Lisboa. E, por fim, perceberemos que a história delas é (a
seu modo) a nossa história também..
Jeanne Louise Milde
Jeanne Louise Milde foi uma mulher a frente do seu tempo.
Rompeu barreiras e abriu caminhos que mais tarde seriam seguidos por milhares
de mulheres ao redor do mundo. A sua história tem início, em Bruxelas
(Bélgica). Filha de Josse Milde e Mathilde Cammaerts Milde. Nasceu em 15 de
julho de 1900. Estudou belas artes na Real Academia de Bruxelas, onde recebeu
uma sólida e bem fundamentada formação acadêmica. Vivenciou e experenciou a
grande revolução cultural que ocorreu nas primeiras décadas do século XX.
Apesar de não estar diretamente ligada a nenhum movimento de vanguarda nas
artes, assistiu (e a seu modo também atuou) a grande transformação ocorrida no
campo das artes, da cultura e da sociedade.
Ser mulher e artista no início do século XX não era uma
tarefa simples ou fácil. Enfrentou a oposição da sua família e da sociedade
belga da sua época. A sua mãe não queria que estudasse e, provavelmente, se o
seu pai soubesse, ele não teria permitido. Por isto, no início, frequentou a
escola sem que soubessem. Em 24 de setembro de 1918, foi “a única mulher a ser
aceita pela Escola de Belas Artes, a ser aluna com os jovens. E os jovens (...)
criticavam muito (...) diziam essa mulher pequena se julga ser algum dia
escultor (...)” (RODRIGUES, 2003, p.32) Com muito talento, dedicação e trabalho,
conseguiu vencer as adversidades e ser aceita como artista num mundo
majoritariamente masculino. Foi uma aluna dedicada e brilhante. Na Academia, se
destacou e recebeu prêmios importantes.
Apesar do futuro promissor que se delineava em sua terra natal,
Jeanne Milde muda radicalmente o seu destino ao aceitar em 1929 o convite de
Alberto Alvares, enviado do governo mineiro, para compor a Missão Pedagógica
Europeia que tinha por objetivo implementar a reforma do ensino em Minas
Gerais. Com o professor Omer Buyse, veio para capital mineira para participar
da implantação da Universidade do Trabalho. Nesta seria criada a Escola de
Belas Artes, cuja direção ficaria sob a sua responsabilidade. Mas, com a
eclosão da Revolução de 30, foram interrompidos esses projetos e a Missão foi
desarticulada. Entretanto, Jeanne Milde permaneceu no país.
Apesar do projeto de criação da Universidade do Trabalho e da
Escola de Artes ter sido abortado precocemente, Milde conseguiu conquistar um
espaço significativo no panorama cultural-pedagógico da capital mineira.
Tornou-se professora de modelagem e desenho na Escola de Aperfeiçoamento, na
qual preparou professoras para ministrar a disciplina de trabalhos manuais, que
inclui modelagem e pintura no currículo. Trabalhou também no Curso de
Administração Escolar (do Instituto de Educação), na Escola de Polícia Rafael
Magalhães, na Fazenda do Rosário e realizou muitos trabalhos em hospitais,
junto a médicos e enfermeiros.
Algumas de suas ideias e da sua prática foram consideradas
muito avançadas para a época. De acordo com o depoimento da ex-aluna Elza de
Moura, apresentado no site da Enciclopédia
Itaú Cultural de Artes Visuais: houve uma ocasião, um episódio desagradável
com a Milde porque a direção da Escola de Aperfeiçoamento se insurgiu contra as
projeções de nus artísticos, nas aulas. Mas Mademoiselle Reagiu à altura e os
nus continuaram a ser projetados. Milde, antes de tudo era uma artista europeia
e não se curvou ao ambiente mesquinho da época e a tradicional família mineira
não perdia tempo, mas perdeu dessa vez. Durante as palestras com essas
projeções, Mademoiselle as enriquecia fazendo comentários esclarecedores,
diminuindo o pouco conhecimento das alunas com relação a história das artes.
Elza Moura nos diz que o seu terceiro encontro com Mademoiselle. Milde foi como
colegas, Moura, com as atividades de teatro de bonecos e a Milde com suas
atividades específicas, usando material do ambiente para o enriquecimento de
professoras alunas de zona rural, curso organizado pela professora Helena
Antipoff. Mademoiselle Milde deu uma valiosa contribuição nesses cursos para
professoras rurais, ampliando-lhes o horizonte estreito do meio em que viviam.
Assim, de acordo com Elza Moura, esses cursos foram notáveis. E possibilitaram
que essas professoras leigas de zona rural voltassem para seus municípios com
outra visão do ensino da vida.
Jeanne Milde foi responsável por introduzir na educação
mineira uma aprendizagem que unia teoria e a prática, onde, simultaneamente, se
trabalhava com uma abordagem erudita da arte e uma arte mais aplicada (onde
eram trabalhados elementos inerentes à realidade das Minas Gerais). Ao
enfatizar os aspectos criativos, possibilitava a implantação de um ensino mais
livre e formativo. Foi responsável, incialmente, na Escola de Aperfeiçoamento
e, em seguida, no Instituto de Educação, de uma oficina de criação, onde as
alunas tinha a sua disposição uma série de técnicas artísticas e expressivas.
No fim de cada ano, as obras produzidas eram apresentadas numa grande exposição
que sempre recebeu da mídia local um grande destaque.
Educadora
e escultura, a sua atuação foi além da regência de sala de aula. Pensava a
educação como um todo. Preocupava-se com todos os aspectos materiais e
imateriais de uma escola. Por exemplo, ao perceber a inadequação do mobiliário
escolar da época, projetou e construiu com recursos limitados em sua própria
casa vários móveis utilitários e funcionais que atendiam às necessidades dos
alunos da pré-escolar.
Jeanne Milde é considerada uma das precursoras do modernismo
em Minas Gerais. Ajudou a criar espaços que permitiram encontros e incentivo às
artes na capital mineira. Produziu esculturas para parques, órgãos públicos,
praças, cemitérios e jardins residenciais. Desde o momento da sua chegada em
Belo Horizonte, manteve aberto e acessível à comunidade, no Grande Hotel (que
se localizava onde hoje temos o edifício Maleta) um ateliê de escultura. Em
1930, cria dois baixos-relevos decorativos para o prédio da Escola Normal
Modelo, atual Instituto de Educação, em Belo Horizonte.
Concebia arte como sendo um instrumento para mobilizar a
capacidade criativa que une imaginação e inteligência. “Trabalhava com sua
arte, aplicando-a à realidade de uma nova sociedade que se pretendia construir
tendo como um dos pilares a educação. A cadeira de artes objetivava o
aprimoramento do espírito e da criatividade, mas voltava-se para a prática
escolar.” (RODRIGUES, 2003, p.57) O trabalho ultrapassa as questões
pedagógicas, abrangendo também as atividades artístico-socais e culturais da
arte em Minas Gerais. Foi uma presença fundamental que legitimou salões e
exposições de arte em Belo Horizonte. Pois, possuía um solido conhecimento
acerca da história da arte e uma visão crítica em relação às mudanças nos
movimentos da arte moderna-contemporânea.
Dados das fotos:
Dados das fotos:
Jeanne
Louise Milde (Reprodução\Foto: Museu
Mineiro)
Jeanne
Louise Milde, no Curso de Aperfeiçoamento (Escola Modelo Normal\Atual IEMG) na
década de 40 (Foto:
reprodução - Museu Mineiro)
Aula
de Jeanne Louise Milde no Curso de Aperfeiçoamento (Escola Normal Modelo\Atual
IEMG) na década de 40 (Foto:
reprodução - Museu Mineiro)
Painel
1: alegoria do ensino das artes, obra de Jeanne Louise Milde. (Foto: Ronaldo
Campos).
A obra de Jeanne Louise Milde no IEMG
al
Painel
2: alegoria do ensino das ciências, obra de Jeanne Louise Milde (Foto: Ronaldo
Campos)
No hall de entrada
do Instituto de Educação de Minas Gerais, há um amplo e belo salão ornamentado
com elementos arquitetônicos neo-clássicos. Ao lado das escadarias que conduzem
a parte superior do edifício, destacam-se os baixos-relevos decorativos de
autoria da professora e artista belga Jeanne Louise Milde. Os painéis
representam o ensino das artes e das ciências.
De modo geral, podemos caracterizar a obra de Mademoiselle
Milde, a partir de uma temática refinada e vigorosa. Dotada de grande
inspiração e liberdade de elaboração, com senso de harmonia e elegância que revela
uma escultura pura, sensível e sensual. Pode-se perceber elementos
influenciados pela art-déco e pelo expressionismo. A sua obra combina
uma extraordinária percepção clássica formal com a leveza dos volumes e
movimentos, o que confere uma magnifica longilineidade às suas peças. Milde se
especializou nas figuras e mitos femininos, para onde são transpostos
sensações, emoções e expressão próprias à mulher, transcendendo-se
espiritualmente em seu trabalho
No caso específico dos painéis em baixo relevo do IEMG é uma
alegoria intelectualmente refinada. Milde retratou (na forma de dois grupos de
cinco mulheres) o sentimento de amor e dedicação dos alunos às artes, às
ciências e à cultura. Cada uma das figuras femininas
representadas tem a posse (e, por consequência, o domínio) de um elemento
associado ao conhecimento. E todas estão iluminadas pela luz do sol
(conhecimento). No painel do ensino das artes, a
primeira jovem segura um martelo; a segunda, um formão; na parte central, o
sol; a quarta mulher segura um livro; e a quinta uma paleta de pintor. No
outro, na representação das ciências, há também um grupo de cinco mulheres: a
primeira segura um galho de café; a segunda, um globo; na parte central, o sol,
a quarta jovem segura um livro; e a última um compasso e um esquadro.
É uma obra que deve ser apreendida a partir do seu
simbolismo, por que a artista se utilizou de uma linguagem cifrada e com muitas
alegorias. Objetos facilmente reconhecíveis como um martelo, um livro ou o sol
não representam apenas eles mesmos. São conceitos (ideias) de significado mais profundo
ou abstrato. Assim, o martelo é o símbolo da razão orientando
a vontade. É o símbolo da inteligência criativa. O sol é a glória, a
espiritualidade, a iluminação e o conhecimento. Representa a vitalidade, a
paixão, coragem e juventude eternamente renovada. O livro é um emblema auto
evidente da sabedoria, ciência e erudição. O globo representa a primeira
matéria (alquimia).
Ao
associar a figura da mulher ao conhecimento, a artista belga nos mostra uma
representação de mundo que rompe com a imagem tradicional da mulher e propõe
uma nova representação do feminino. Ou seja, a mulher deixa de ser uma pessoa
destinada à procriação, ao lar, para agradar o outro.
A
figura feminina aqui não está associada nem a maternidade (representando os
papeis de mãe e esposa) nem ao erotismo (representando a mulher como objeto de
desejo do homem). E passa a ser sujeito do conhecimento. Nesse sentido, essa
obra tem um caráter revolucionário e mostra a artista belga como uma mulher a
frente do seu tempo. Pelo contrário, é uma imagem que simboliza a conquista dos
direitos à educação e à profissionalização. A obra de Milde nos traz uma nova
mulher inserida em uma sociedade em transformação. A mulher passa a ter uma
identidade própria, com desejos e angústias que são próprios da condição
humana.
Os
dois painéis decorativos foram feitos por uma mulher especialmente para a
Escola Normal Modelo. Certamente, porque era naquela época um dos raros espaços
na capital mineira em que as mulheres poderiam desenvolver os seus talentos, as
suas individualidades. Nos dias de hoje, essa bela obra ganha um novo
significado. Passa a representar o lugar privilegiado que as mulheres conquistaram
na nossa sociedade.
Helena
Antipoff
Helena Antipoff
na (Foto: reprodução – Disponível no site: http://www.cliopsyche.uerj.br/arquivo/antipoff.html)
A
psicóloga e educadora Helena Antipoff nasceu em 1892, na cidade de Grodno,
Russia. Filha de Sofia Constantinovna e de Wladimir Vassilevitch Antipoff. Em
virtude da carreira do seu pai (um militar de alta patente) e pela origem
materna aristocrática, viveu parte da infância na cidade de São Petersburgo e
recebeu uma educação internacional. Com a separação dos pais, em 1909, foi
viver com a mãe e os irmãos em Paris (França). Estudou na Sorbonne e no Collège
de France. Formou-se em psicologia. Trabalhou no Instituto de Ciências da
Educação e no Instituto Jean Jacques Rousseau em Genebra.
Em
1916, Helena Antipoff retornou a Rússia, na época da ocupação alemã, para
reencontrar o seu pai que havia sido ferido durante a Primeira Grande Guerra.
Assistiu os fatos históricos da Revolução Russa. Trabalhou em estações
médico-pedagógicas em Viatka e em São Petersburgo com adolescentes abandonados,
sem teto e sem rumo (na época, eles eram denominados como jovens delinquentes).
Em 1921, atuou como colaboradora científica no Laboratório de Psicologia
Experimental de São Petersburgo, fundado por Netschaieff.
Casou-se
com Viktor Iretsky, jornalista e escritor russo, que foi perseguido e preso em
decorrência das suas ideias literárias, consideradas nocivas à sociedade
soviética. Essa situação levou o casal a se exilar em Berlim, na Alemanha. Como
não oportunidades de trabalho para Helena Antipoff em território alemão, ela
retornou a Suíça. E lá trabalhou no Laboratório de Psicologia da Universidade
de Genebra como assistente de Édouard Claparède e como professora de Psicologia
da Criança na Escola de Ciências da Educação no Instituto Jean Jacques
Rousseau. Foi colaboradora de Claparède na pesquisa sobre os processos de
pensamento inteligente. Nessa época, recebeu o convite do governo de Minas
Gerais para lecionar na Escola de Aperfeiçoamento. Inicialmente, recusou o
convite. Mas, em 1929, aceitou assinar o contrato por dois anos para lecionar
psicologia na Escola de Aperfeiçoamento de professores de Minas Gerais. Ficou
responsável pela disciplina de psicologia, a coordenação do Laboratório de
Psicologia e assessoria do sistema de ensino na aplicação de testes de
inteligência.
Na
Escola de Aperfeiçoamento, recria o ambiente de integração entre teoria e
prática experimentando nos seus trabalhos no Laboratório de Psicologia da
Universidade de Genebra. Os trabalhos desenvolvidos nessa época subsidiaram e
originaram o extenso programa de pesquisa sobre o desenvolvimento mental,
ideais e interesses das crianças de Minas Gerais. Helena Antipoff buscou
comprometer as suas alunas no processo de construção de uma pedagogia
científica, com o objetivo de prepara-las para conhecer as crianças através de
novas teorias e novas metodologias desenvolvidas pela psicologia.
Em
1932, um grupo de médicos, educadores e religiosos, sob a presidência de Helena
Antipoff, criou a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte. Esta instituição
tinha vários objetivos. Certamente, o primeiro era o de cuidar das crianças
excepcionais e assessorar as professoras de “classes especiais” dos grupos
escolares. Além de atuar sobre diversos focos de exclusão social (provocados
pela miséria, abandono e por questões de deficiência mental no sentido
estrito). “Em todos os casos, tratava-se de procurar resguardar os direitos das
crianças em situação de risco social. O consultório médico-pedagógico para
crianças deficientes ou problemáticas instalado pela Sociedade em 1934 passou a
atender regularmente essas ‘crianças-problema’, e tornou-se o embrião do futuro
do Instituto Pestalozzi de Minas Gerais, posteriormente transformado em
instituição pública, financiada pelo governo do Estado de Minas Gerais.” (CAMPOS,
2002, p.26) Em 1940, a Sociedade Pestalozzi instalou no município de Ibirité
(Minas Gerais) sob a denominação de Escola da Fazenda do Rosário. O objetivo
dessa instituição era educar e reeducar crianças abandonadas ou excepcionais.
Aplicava-se os métodos da Escola Ativa, centrados na atividade espontânea da
criança. Foi a partir dessa época que Helena Antipoff produziu um extensa e
importante obra educativa (educação especial, educação rural, criatividade,
superdotação) que influenciou a formação de muitas gerações de psicólogos e
professores. Nessa mesma época, tornou-se professora fundadora da cadeira de
Psicologia Educacional na Universidade Minas Gerais (atual UFMG), lecionando na
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras as disciplinas de didática e
psicologia.
As
ações pedagógicas de Helena Antipoff dedicadas à educação rural foram marcadas
por uma filosofia pedagógica com ênfase na atividade e autonomia do aluno, numa
atitude democrática, com o respeito à diversidade e a fé na ciência como um
importante elemento de transformação da vida. Para a educadora, “talento e
inteligência não são de geração espontânea, mas precedidos de longo trabalho de
gerações: quem será pintor num meio rural, onde a criança nem mesmo tem o
direito de usas o lápis de cor?” (CAMPOS, 2002, p.29)
Lúcia
Casasanta
Lúcia
Schmidt Monteiro de Castro nasceu em 29 de maio de 1908 em Carancas (Santa
Luzia), região metropolitana de Belo Horizonte. Filha do fazendeiro Eduardo
Olavo Monteiro de Castro, neto do Barão de Congonhas do Campo, e da professora
Clodilte Schmidt Monteiro de Castro , neta de educadores alemães, Félix Schmidt
e Verônica Klaiser. A sua formação teve início na cidade de Ouro Preto no Grupo
Escolar D. Pedro II. O curso primário foi concluído em Belo Horizonte no Grupo
Escolar Barão do Rio Branco. Em 1922 ingressou no curso de magistério na Escola
Normal Modelo de Belo Horizonte. Na época, esse era considerado um destino
obrigatório para as moças de boa família. Antes da sua formatura de normalista,
no ano de 1926, iniciou sua carreira no magistério ao assumir o cargo de
professora substituta de Música, Canto e Teoria Musical, no Grupo Escolar Barão
do Rio Branco. O seu trabalho era preparar alunos para o exame final, cujos
resultados seriam publicados no jornal “Minas Gerais”. Os seus alunos se
destacaram com sucesso e, em virtude disso, recebeu inúmeros elogios.
Por
seu desempenho brilhante como aluna da Escola Normal Modelo e como professora
do Grupo Escolar Barão do Rio Branco, aos 19 anos, foi convidada pelo então
governador de Minas Gerais, Francisco Campos, para fazer parte de um grupo de
bolsistas que seria enviado para a Teacher´s College, da Columbia University
(Nova York). Essa instituição norte-americana era considerada "o maior
centro educacional do mundo" e irradiador do idealismo liberal. Na
universidade, especializou-se em Metodologia do Ensino da Língua Pátria.
Ao
retornar ao Brasil, em parceria com Alda Lodi (uma das fundadoras do curso de
Filosofia da UFMG) fizeram parte da criação e estruturação da Escola de
Aperfeiçoamento, uma escola laboratório que tinha por objetivo formar uma nova
classe de professores. Um local importante para a produção de conhecimento
sobre a metodologia da linguagem e sedimentação da prática pedagógica. Essa
escola correspondia ao curso pós-médio, direcionado a professoras que já
exerciam o magistério. Ao fim de dois anos, voltariam às suas escolas de
origem, como elementos multiplicadores das teorias e metodologias aprendidas no
curso. O corpo docente da Escola de Aperfeiçoamento tinha uma formação
teórico-prática originária dos Estados Unidos e da Europa
Busto de Lucia
Casasanta, no hall de entrada do IEMG, ao fundo baixo relevo de Jeanne Louise
Milde (Foto:Ronaldo Campos)
Lúcia
Casasanta atuou como professora e trabalhou muito para concretizar a reforma de
ensino proposta por Francisco Campos e para estabelecer uma nova forma metodológica
no ensino\aprendizagem da leitura e da escrita, em um momento de muita
incerteza pedagógica da nossa história. Defendeu de forma contundente a
utilização do Método Global de Contos para o ensino da leitura. Enfatizou a
ideia que as escolas deveriam trabalhar com a formação do leitor, incentivando os
professores a se tornarem leitores e formadores de novos leitores. A educadora
foi defensora do espírito científico na sala de aula. O processo de
ensino-aprendizagem deixou de ser o resultado do “dom” natural (da “intuição”)
do mestre para ser uma ação planejada, resultado de estudo e pesquisa.
Especialista em metodologia da linguagem. É lembrada até os dias de hoje pela
sua contribuição para a alfabetização. Defensora do método global de contos
para aprendizagem da leitura. Um método revolucionário que obteve resultados
surpreendentes no processo de alfabetização. Foi amplamente adotado dos anos
30 até a década de 70.
“As
mais belas histórias” é o livro mais
famoso de Lúcia Casasanta (foto: Ronaldo Campos)
No
ano de 1933, casou-se com o professor Mário Casasanta. E assumiu os quatro
filhos do professor, com idades que variavam de 2 a 6 anos. Cinco anos mais
tarde, ocupou a cadeira de professora adjunta de didática da linguagem na
Universidade do Rio de Janeiro. Em 1946, atua no Curso de Administração Escolar
(CAE). Em 1953, como integrante da Comissão Organizadora do Programa do Ensino
Primário, foi responsável por elaborar a parte relativa à Língua Pátria. No ano
seguinte, lançou o pré-livro “Os três Porquinhos” e deu início a série didática
“As mais belas histórias”. Em 1963,
ficou viúva e assumiu o lugar do seu marido no Conselho Estadual de Educação
(permaneceu até a sua aposentadoria em 1977). Participou também do Conselho
Estadual de Educação no triênio 1969-1971. Em 1970, tornou-se a primeira
diretora do Instituto de Educação de Minas Gerais depois do seu reconhecimento
como entidade de ensino superior pelo Conselho Federal de Educação. Foi uma das
fundadoras (1970) e a primeira reitora da Universidade Estadual de Minas Gerais
(UEMG). Dentre as suas principais realizações, destaca-se a criação da primeira
biblioteca infantil do Brasil e da primeira clínica para correção de problemas
e leituras e linguagem.
Faleceu
em 04 de junho de 1989. Mas a sua obra permanece viva na memória de educadores,
antigos alunos e das inúmeras crianças que não se esquecem de “As mais belas
histórias”
Alaíde
Lisboa
Professora, escritora, pesquisadora, memorialista, política e
figura de destaque no meio cultural brasileiro, Alaíde Lisboa de Oliveira
nasceu no dia 22 de abril de 1904, na cidade de Lambari (sul de Minas Gerais),
onde passou a sua infância. Filha de Maria Rita Vilhena Lisboa e do conselheiro
João de Almeida Lisboa. É irmã da poetisa Henriqueta Lisboa e do poeta José
Carlos Lisboa (a quem sucedeu na cadeira número seis da Academia Mineira de
Letras). Fez o primário no Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior. Foi uma aluna
que gostava muito de estudar. Fez o curso normal no internato do Colégio Nossa
Senhora de Sion (na cidade mineira de Campanha.), e desenvolveu uma carreira
estudantil brilhante na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Minas Gerais,
onde conviveu com a educadora e psicóloga Helena Antipoff, trazida para Minas
Gerais graças ao empenho do professor José Lourenço de Oliveira, com quem
Alaíde Lisboa veio a casar, em 1936. Helena Antipoff foi a sua madrinha de
casamento. Teve quatro filhos: Abigail, José Carlos, Sílvio e Maria.
É autora de mais de trinta livros, entre didáticos, ensaios e
literatura infantil. Atuou até 1957 como professora na Escola Normal Modelo (atual
Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG) e na Universidade de Minas Gerais
(que mais tarde daria origem a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG). Durante
a sua carreira no magistério, desenvolveu um produtivo trabalho de base, não só
nas funções de professora e de diretora, mas também como pedagoga e
incentivadora dos movimentos de renovação do ensino no nosso estado. Foi
professora em cursos de extensão em várias universidades brasileiras.
Jornalista no jornal mineiro O Diário, durante
quinze anos. Presidente da APPMG por dois mandatos.
Dezessete anos após a conquista do direito ao voto feminino
no Brasil, foi a primeira mulher eleita para o cargo de vereadora em Belo
Horizonte (em 1947, como suplente, assumindo efetivamente dois anos depois). Na
época do seu mandato, conseguiu um aumento dos salários dos professores do
Estado.
Em 1957, doutorou-se em didática pela UFMG, da qual se tornou
catedtática por concurso público. Exerceu vários cargos de direção na
universidade. Durante treze anos, foi diretora do Colégio de Aplicação da UFMG,
além de exercer o cargo de vice-diretora da Faculdade de Educação, primeira
coordenadora do mestrado em educação e, finalmente, professora emérita.
Deixou o seu nome gravado na história da literatura infantil
com a obra A bonequinha preta que
contribuiu para despertar o interesse pela leitura de várias gerações há
sessenta e cinco anos.Sua obra, em especial o livro Nova didática, foi classificada por Carlos Drummond de Andrade como
um trabalho altamente inovador e criativo, “um trabalho feito de experiência,
reflexão e amor à tarefa, com apoio em um grande talento”.
Elza de Moura
Elza
de Moura na época da sua formatura (Foto: reprodução – acervo pessoal de Elza
de Moura)
Elza de Moura no
XXIX, no auditório do Instituto de Educação
– Encontro Nacional da AMAE \ Belo Horizonte 30 -07 - 1997(Foto:
reprodução- acervo: Elza de Moura)
O professor e pesquisador Ronaldo
Campos e a educadora e escritora Elza de Moura (acervo Ronaldo Campos)
Elza de Moura é uma das mais
importantes educadoras do nosso país e uma das mulheres mais atuantes na
segunda metade do século XX. Educadora, escritora, pesquisadora, maestrina, gestora
e comunicadora de rádio e televisão. É reconhecida por sua vasta experiência e
grande competência. Presenciou as modificações pelas quais a educação vem
passando em nosso país e atuou de forma dinâmica. Trabalhou com nomes
importantes como a psicóloga e educadora Helena Antipoff, José Oswaldo
de Araujo, Abgar Renault, Mário Campos, Aníbal Matos, a escultora Jeanne Louise Milde, Mário e Lúcia Casassanta,
Nasceu na capital mineira no ano de 1915. Cresceu e vive até
hoje no bairro Santa Ifigênia, em Belo Horizonte. Iniciou os seus estudos aos
seis anos de idade no curso primário no Grupo Escolar Henrique Diniz. Repetiu a
quarta série do ensino primário duas vezes por não ter a idade mínima de 12
anos para iniciar seus estudos como normalista ( repetiu não por reprovação,
mas para completar a idade exigida para o ingresso na escola normal).
Estudou na Escola Normal Modelo (atual Instituto de Educação
de Minas Gerais – IEMG) e na Escola de Aperfeiçoamento. Após a sua formatura, ficou seis anos sem
lecionar por opção pessoal. Nesta época, estudou piano e canto. Foi convidada
por uma amiga para lecionar no Grupo Escolar Lúcio dos Santos e depois no Grupo
Escolar Flávio dos Santos.
Adepta da Escola Nova e de métodos como a gramática
funcional. Elza já gravou programas educacionais na extinta TV Itacolomi.
Participou ativamente das atividades do Complexo
Educacional Fazenda do Rosário. Foi Orientadora técnica no Grupo Escolar
Sandoval de Azevedo. Orientadora técnica e diretora no Grupo Escolar Henrique
Diniz. Ainda hoje ela é convidada para palestras e escreve artigos para
jornais.
Destacou-se
na imprensa mineira escrevendo para suplementos infantis e publicou diversos
livros, dentre eles destacam: Lili e Paulinho estudam ciências naturais
(Editora do Brasil), Pequeno Cientista (Editora do Brasil), Orientação
Metodológica (Editora Bernardo Alvares), entre outros.
Em
artigos para jornal, chamou atenção para as possibilidades que tem a escola
primária de realizar um trabalho de reatamento das relações entre o
poeta/poesia e o público/sociedade. Dizia a professora, que vários autores
modernos brasileiros eram comumente utilizados pelo programa oficial do ensino
primário em Minas Gerais. Através de leituras, declamações, corais falados e
leituras silenciosas, os meninos tomavam conhecimento de poemas de Drummond,
Bandeira, Cecília Meireles, Vinícius de Morais e outros. Isto, bem se vê, é um
avanço extraordinário; principalmente quando se considera que mais da metade de
nossos professores secundários têm sólidos e impenetráveis preconceitos contra
a poesia dita moderna ou qualquer sombra de inovações em arte.
Obras
importantes das educadoras Elza de Moura e Alaíde Lisboa (foto: Ronaldo Campos)
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Tempo de
lembrar: memória sobre o Instituto de Educação de Minas Gerais
Educação:
para onde vamos?
Elza
de Moura
As
mudanças que estão ocorrendo no mundo todo têm sido tão rápido que não há tempo
para avaliação de resultados. Perguntamos: se em determinadas modificações
deram certo, por que muda-las? Vaidade, novidades, espírito de destruição para
dar lugar ao novo? A descontinuidade nos processo tem destruído muitas
inteligentes iniciativas.
Fui
do glorioso tempo da antiga Escola Normal Modelo, que tinha o objetivo
principal de formar professores, que foram educadores. Se meninas eram visadas,
por que também os meninos não seriam educadores? Mas os meninos queriam outras
carreiras.
Frequentei
durante sete anos contínuos a Escola Normal Modelo. Nessa escola, toda a
organização, todos os programas de ensino visavam a formação da professora. E
como tudo foi pensado e vivido em função desse objetivo, a menina que se
matriculava na Escola, vindo do curso primário, frequentava o Curso de Adaptação,
durante dois anos. Que coisa inteligente essa adaptação da criança para a
pré-adolescência, amadurecendo sem atropelo. Terminando esse curso, vinha o
Curso Preparatório, aquisição de cultura, alicerce da futura professora, feito
em três anos. Professor tem que ter bases sólidas para despertar no aluno
aquele “interesse profundo e permanente pela leitura”, como proclamava a
professora Lúcia Casasanta, nas suas magníficas aulas de metodologia da língua,
na antiga Escola de Aperfeiçoamento. Hoje o uso exagerado da informática é
golpe da cultura, onde o limite de interesses variados é golpe de cultura.
Na
Escola Normal Modelo líamos muito e com paixão. Depois do importante Curso
Preparatório, passávamos ao Curso de Aplicação, durante dois anos, onde o
objetivo principal era a formação futura professora, com mestras especializadas
em pedagogia. E as alunas entravam no mundo do ensino, onde os grandes
pedagogos, filósofos e psicólogos do mundo se tornaram nossa leitura
corriqueira. Na observação das aulas nas classes anexas, o mundo da realidade
nos era revelado. Período decisivo porque mostrava as verdadeiras vocações para
o magistério. Nada era improvisado, e as alunas sabiam o que queriam na
carreira de trabalho. Os cursos de magistério de escolas públicas e de colégios
particulares foram profundamente importantes na história da educação em Minas.
Por que foram extintos esses cursos? A troco do quê? Os atuais cursos de
pedagogia não preparam os alunos para a importante missão de educar, mas para
ter um emprego (embora ganhando uma miséria em trabalho que eleva uma nação). O
amor ao trabalho de educar foi substituído por uma atividade desinteressante e
cansativa.
Os
professores da antiga Escola Normal Modelo marcaram as alunas com sua
dedicação, cultura, preparo específico e nos transmitiram amor profundo e
permanente pelo estudo. Através da minha saudade, lembro-me de D. Irene de
Paula Magalhães, minha professora de metodologia e de suas colegas Benedita
Valadares, Iris Rezende, Zélia de Almeida, Filocelina Matos de Almeida, do
Curso de Aplicação e da figura inesquecível do diretor, professor Firmino da
Costa. Do Curso de Adaptação e do Preparatório, há nomes que vivem conosco,
apesar das falhas da memória: José Oswaldo de Araujo, Abgar Renault, Mário
Campos, Rosaura Gonzaga, Edézia Rabelo, Branca de Carvalho Vasconcelos, Aníbal
Matos, Maria Rita Bournier, a escultora Jeanne Louise Milde, famosa artista
belga, privilégio único para nós, meninas adolescentes na época e muitos
outros.
Que
os alunos de pedagogia de hoje também tenham no futuro lembranças tão
significativas, como nós, alunas da antiga Escola Normal Modelo, tivemos.
Minha Trajetória no Instituto de Educação de
Minas Gerais
Marilia Sarti
Tudo começou quando decidi fazer o curso de
Pedagogia. Como sou de Nova Lima fui pesquisar qual seria a Faculdade que
tentaria pretar o vestibular. Decidi então fazer o curso de Pedagogia do
Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). De 1974, ano que iniciei o curso
até 1978, estudei administração escolar, supervisão pedagógica, orientação
educacional e matérias pedagógicas. Em 1986, fiz especialização (latu sensu) em
Metodologia do Ensino Superior. Nesta época, eu já deslumbrava com a escola.
Imaginava um dia trabalhar nesta escola. Comentei o meu desejo com a minha
professora de metodologia da matemática, Wanda Maria de Castro que era na época
coordenadora do Ensino Fundamental da Escola Estadual Luiz Peçanha do IEMG. A
professora se prontificou a conversar com a diretora, Maria de Lourdes Patrus e
esta pediu para que eu fosse conversar com ela.
No outro dia, fui procura-la e para o meu
espanto ela estava precisando de uma professora para a quarta série. Assumi a
turma como professora designada e trabalhei de agosto de 1982 a dezembro do
mesmo ano. Como eu tinha feito concurso público para Belo Horizonte continuei
trabalhando na escola. A partir de fevereiro de 1983 fui supervisora pedagógica,
professora de matérias pedagógicas e vice diretora de 1987 a 1991 da Escola
Estadual Luiz Peçanha (Instituto de Educação de Minas Gerais\IEMG).
Em 1991, inscrevi para o processo seletivo
para a candidatar a eleição de diretora. Ganhei a eleição e tomei posse. Fui
diretora da Escola Estadual Luiz Peçanha de Minas Gerais de 1992 a 1999. Foram
oito anos de muito trabalho e dedicação. Deixei de ser diretora em 1999 porque
já tinha completado três mandatos seguidos e a legislação não permitia uma
quarta candidatura consecutiva. Em 2000, fui convocada para ser vice diretora
geral do IEMG.
Como o Instituto de Educação era uma escola
referência em todo estado de Minas Gerais, a Secretária de Estado da Educação
resolveu que o IEMG não teria mais eleições e me convidou para assumir como
Diretora Geral. Eu permaneci no cargo até o ano de 2012 e me aposentei. Sempre
fui uma profissional dedicada, presente e amiga. Acho que desempenhei bem a
minha função de diretora. Fiz um bom trabalho. tenho muita saudade, agradeço a
todos que trabalhassem comigo. Sai feliz, amiga de todos. Tenho certeza que contribui
muito para a educação de Minas Gerais.
Marília Sarti, na reunião comemorativa dos professores do turno da
tarde (ano letivo de 2008)
Minha história no Instituto de Educação
Cristina Fraiha Pereira Pinto[1]
Ano de 1979. Tudo novo. Escola nova. Uniforme
novo. Lá ia uma menina tímida e que usava maria Chiquinha seguindo em direção
de um colégio grande e cor-de-rosa. “ – Quem será que vai ser a minha
professora?” Era a pergunta que não queria calar...
Maria Dolores de Almeida, minha primeira professora que elogiava os
meus escritos e ao mesmo tempo chamava a minha atenção por não compreender a
lógica da matemática.
“ – Essa menina parece que vive com a cabeça
nas nuvens!”, ela dizia. E estava certíssima. Sempre a imaginação e a fantasia
me rondavam, mesmo que eu não quisesse. Ano de 1986. Final de etapa para quem
formava no antigo ginasial. Eu queria buscar novos caminhos. Deixei o colégio
para ir fazer o curso científico que não existia na época no IEMG. Último dia
de aula. Rabiscos e assinaturas na camisa do colégio. Amizades marcantes,
vivências que eu jamais esquecerei e que vão me acompanhar pelo resto da vida.
Professores que entregavam a alma ao seu
oficio. Amavam o que faziam. Dava para perceber nos olhos brilhantes da
professora Cleide que ensina História: “ – Meninos, D. Pedro I tinha catorze
nomes”... E dizia todos eles. Que saudade da calma dela para nos ensinar a sua
matéria. Os primeiros contatos com a língua inglesa foram através da professora
Hortência Werneck. Tudo o que aprendi de inglês devo a dedicação dela.
Através dos professores do Instituto de
Educação de Minsa Gerais consegui incentivo para desenvolver a minha paixão
pela leitura e escrita. Completei minha jornada estudantil (pelo menos era isso
que eu achava na época) – em 1996, quando terminei o curso de jornalismo na
Pontificia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Trabalhei na área
jornalística no interior mineiro e em jornais de grande circulação como no
extinto Diário da Tarde e no Estado de Minas. A vida me levou para outros
caminhos, mas lá dentro do meu coração estava pergunta: “ – E a literatura? E a
língua portuguesa que você tanto ama?
Voltei a estudar em 2007 e completei o curso
de Letras em 2011 pela Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte. Obtive
licenciatura dupla em língua portuguesa e língua inglesa e suas respectivas
licenciaturas. Eu pretendo continuar incentivando as pessoas a se apaixonarem
pelas letras. Fui uma pessoa digna de sorte porque tive mestres que fizeram
nascer em mim essa estrondosa curiosidade, emoção e paixão pela arte de
escrever e ensinar. Espero que as pessoas tenham consciência de que ensinar é
aprender, antes de qualquer coisa. Devemos ter orgulho da profissão de
professor. Não devemos deixar que a desvalorizem.
Atualmente tenho a felicidade de fazer parte
do grupo de professores do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). Espero
aprender sempre e oferecer um pouco do que sei para ajudar os alunos que
estamos formando. Quero contribuir com o ensino desta casa cor-de-rosa que é um
pouco da minha.
A Escola de Aperfeiçoamento foi provavelmente a primeira experiência
no Brasil de implantação de instituição de ensino superior no Brasil. A escola
funcionou por duas décadas. E foi uma instituição modelo para todo o país.
A Escola de Aperfeiçoamento formou com a Escola Normal Modelo em 1947 Instituto de Educação de Minas Gerais
A Escola de Aperfeiçoamento foi extinta em 1945, transformando-se no
Curso de Administração Escolar do
Instituto de Educação de Minas Gerais, que deu origem, em 1972, ao Curso de
Pedagogia daquele Instituto; neste é que Lúcia Casasanta se aposentou, em 1977.
A Escola de Aperfeiçoamento, bem como a
atuação de Lúcia Casasanta nessa instituição, é tema desenvolvido na segunda e
terceira partes deste trabalho.
Anos
depois a Escola de Aperfeiçoamento foi transformado no Curso de Administração
Escolar (CAE). Mais tarde originou o Curso de Pedagogia do Instituto de
Educação de Minas Gerais e, na Faculdade de Educação da UEMG.
Transformações
do espaço e da arte: a educação do olhar através do ensino das artes
Rosa
Maria Vicente Ribeiro
A
minha história no Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) começou ainda na
juventude. Eu fiz o colegial e o ginásio aqui. E, em fins dos anos 60,
ingressei no curso normal. Naquela época, estudávamos muito. Era uma dedicação
total aos estudos. E eu tinha uma grande vontade de ser professora. Quando terminei o magistério descobri que era
apenas o começo de uma longa e frutífera carreira. Formei em bacharel em artes
plásticas (Escola Guignard\UEMG), licenciatura plena em educação artística e
artes plásticas (FUMA\UEMG), licenciatura em arquitetura de interiores
(FUMA\UEMG). Além dos cursos de extensão em desenho, estilismo fotografia (EBA\UFMG). Em 1992, o meu
trabalho no IEMG teve início efetivo. Certamente, essa data é muito marcante,
por que significou a minha reentrada na maravilhosa casa rosada. Mas agora como
uma colega dos meus queridos mestres.
O
meu ingresso na carreira de professora de artes e artista plástica foi
parcialmente influenciado pelo meu pai. Que além de ter um grande talento para os
trabalhos manuais e artesanato, gostava muito de arte. Outra influência
importante foi dada pelos meus professores aqui do Instituto. Destaco
principalmente Ronaldo Boschi. Ele foi um grande incentivador das artes aqui no
IEMG. Trabalhou de forma brilhante com a movimentação e a expressão corporal.
Ao
longo da minha trajetória como professora e artista plástica, descobri que a
prática educativa exige uma ação cada vez mais dinâmica e criativa que
estabelece uma interface com o mundo do trabalho. Assim, devemos sempre estar
atentos aos avanços científicos e tecnológicos. Mas sem esquecer que o
primordial é o desenvolvimento da capacidade do aluno aprender a aprender, de
aprender a fazer, fazendo.
Fotos de Rosa
Maria Vicente na época em que era normalista do Instituto de Educação (Foto:
reprodução\acervo de Rosa Maria Vicente)
O
ensino de arte possibilita ao aluno reconhecer as diversidades, estabelecer uma
autoimagem positiva, a se unir com o grupo, uma vez que o estudo das artes
implica em trabalhos coletivos, o que também ajuda na construção da sua
autonomia. Além disso, o ensino em Artes expande o repertório cultural do aluno
a partir dos conhecimentos estético, artístico e contextualizado, aproximando-o
do universo cultural da humanidade nas suas diversas representações.
A
disciplina de Artes, na escola, não tem por objetivo ilustrar conhecimentos,
festas cívicas ou escolares. Como todas as outras áreas do conhecimento humano,
tem por finalidade a construção e aquisição de conhecimento. A educação deve
ser capaz de formar um cidadão consciente dos seus deveres e direitos que é
capaz de participar ativamente da sua sociedade, da sua época. O ato de educar
implica em fazer escolhas, em fazer opções de modo consciente. As aulas de arte
se destacam por contribuírem de modo enfático para a educação do olhar. A arte
possibilita ao educando desenvolver uma sensibilidade estética e esta amplia a
sensibilidade, criatividade, percepção, originalidade, flexibilidade, reflexão,
imaginação, inventividade, o senso crítico e o senso estético, possibilitando
também, um grande crescimento e um aumento de sua capacidade de visualização e
memória visual, isso sem esquecer que contribui para que o aluno consiga
resolver problemas de ordem técnica e estética.
A
arte ao mesmo tempo em que é uma expressão da alma, uma manifestação da nossa
humanidade; é também a necessidade do ser humano se expressar. É um tipo de
fazer que utiliza uma gama muito variada de materiais na criação de obras que
podem ser relativamente duradouras (como as grande catedrais góticas) ou
efêmeras (como os belos movimentos do ballet clássico). Esses materiais são: a
pedra, os pigmentos, papeis, o espaço, o corpo, os gestos, a voz, entre muitos
outros.
Nas
aulas de arte, no decorrer da realização de propostas artísticas, o estudo do
desenho ganha uma grande importância tanto para a criança como para os mais
velhos. O desenho é a base de tudo. É o primeiro passo para toda e qualquer
criação artística. Representa a memorização daquilo que foi imaginado. No
espaço branco do papel, em desenhos de observação ou desenhos de criação, o
aluno pode se expressar de muitas formas. Pode explorar o espaço em primeiro
plano. E é a partir daí que o professor percebe o potencial criativo dos seus
alunos. Pela percepção e pelo olhar, o ser humano capta (como se fosse uma
câmera fotográfica) o mundo que o rodeia. E através da sua capacidade criativa
e dos procedimentos artísticos, ele recria através aquilo que os seus sentidos
apreendem. O ser humano é por natureza um ser criativo. Não existe ninguém que
não sabe desenhar ou não tem condições de representar através de signos e
formas os seus sentimentos, os seus sonhos, as suas ideias e o mundo que
conhece. Ou seja, o gesto do artista recria com a sua técnica o mundo (seja ela
o mundo real ou o mundo imaginário).
Como
nos diz Bachelard, no livro “O direito de sonhar”, “o próprio papel, com seu
grão e sua fibra, provoca a mão sonhadora pra rivalidade da delicadeza. A
matéria é, assim, o primeiro adversário do poeta da mão. Possui todas as
multiplicidades do mundo hostil, do mundo a dominar..” Logo, a partir do
domínio da técnica do desenho pode-se trabalhar com as cores, o sombreamento, o
claro e escuro, as perspectivas, entre outros.
Composição artística
com cores primárias. Desenho de Camila (1° ano C – 2011)
Desenho de observação a
partir de fotos. Desenho de Izabela (1° C – 2011)
Desenho de observação.
Desenho de Gustavo (1° ano C – 2010)
Exposições
e Projetos
Desde
a sua origem, o Instituto de Educação se preocupou em aperfeiçoar-se sempre. Os
seus educadores partem do princípio que não existe uma fórmula pronta e acabada
que resolva todos os problemas do processo de ensino e aprendizagem. É preciso
adotar de acordo com as necessidades inerentes ao processo de aprendizagem
novas estratégias de ensino que acompanhe tanto as inovações pedagógicas e
tecnológicas como as necessidades dos alunos e professores. Tal atitude
metodológica enriquece e amplia a própria atuação do professor e a inserção do
aluno no mundo da cultura e do conhecimento. Proporcionando aos nossos alunos
um processo que ultrapasse a sala de aula e estimule o protagonismo juvenil,
estimulando-os a refletir, agir, solucionar e concluir. Ao longo do ano, nas
aulas regulares os professores desenvolveram inúmeras atividades que envolveu a
interdisciplinaridade, temas transversais, atividades em grupo, entre muitas
outras. A maioria dessas atividades foram apresentadas para a comunidade
escolar, gerando um ambiente de compartilhamento do saber.
Projeto: Mostra Cultural
2012 - “Preservação e conservação do patrimônio”
Alunos
do primeiro ano do ensino médio (turno tarde) apresentando oficina de
reciclagem e reutilização de materiais que podem ser reutilizados.
A “Mostra Cultural 2012” do Instituto de Educação de Minas
Gerais (IEMG) foi o maior evento da escola e contou com a participação de todos
os alunos do ensino fundamental e médio, pais, professores e funcionários. O
tema escolhido foi “Preservação e conservação do patrimônio”. Após a escolha do
tema, alunos e professores trabalharam de forma interdisciplinar e
inter-relacionando o tema da mostra com os diversos conteúdos programáticos. A
“Mostra Cultural 2012” conseguiu desenvolver ações, no
seio de toda a comunidade escolar, que viabilizem a construção de uma
consciência de preservação e na conservação do patrimônio cultural-artístico da
nossa cidade. Além de representar uma importante mudança de atitude frente aos
bens culturais materiais e imateriais, e que esteja voltada para a construção
de valores de preservação, racionalidade e sustentabilidade. O projeto foi finalizado com a exposição dos trabalhos
dos alunos aberto para toda a comunidade escolar.
Entre os trabalhos desenvolvidos pelos alunos estão maquetes,
livros, objetos de arte e artesanato com materiais reciclados, exposição de
fotos e desenhos e outros trabalhos práticos que exaltam a importância da preservação
de bens materiais e imateriais.
As turmas foram agraciadas com os prêmios e destaque
Educação patrimonial –
conhecer para preservar (aluno do ensino médio – tarde)
Projeto Simulado do
ENEN
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é composto por 180 questões de múltipla
escolha, divididas em quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas
tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências
da natureza e suas tecnologias e matemáticas e suas tecnologias. Cada grupo de
testes é composto por 45 itens de múltipla escolha, aplicados em dois dias.
O
“Projeto Simulado do ENEM” tem por objetivo familiarizar os alunos do último
ano do ensino médio com a realidade dos vestibulares e do Exame Nacional do
Ensino Médio, além de desenvolver as suas capacidades cognitivas e emocionais.
No simulado, o aluno é preparado para o ambiente do exame, através de provas
que irão reproduzir as condições da avaliação. Esse projeto é coordenado pela
supervisora Ângela Machado conta com a parceria do Centro Universitário UNA e envolve
todos os professores do último ano do ensino médio do Instituto de Educação de
Minas Gerais (IEMG).
Teatro na escola: “O
auto da compadecida”, de Ariano
Suassuna
Nas aulas de português do ensino médio, a professora
Silvana Cayres introduziu o teatro como um importante elemento no processo de
ensino-aprendizagem. O
estudo da língua e da literatura portuguesa foi concebido de forma prazerosa e
integral. Permitindo aos estudantes e ao próprio professor, ir além da transmissão
do conhecimento acadêmico. O que permite dedicar mais tempo e esforço à
formação da personalidade, à aprendizagem, a pensar e aprender e, sobretudo, cria
uma abertura para efetivamente construir relações intra e inter pessoais.
O teatro motiva a aprendizagem. Pois, o trabalho
com peças teatrais aliado aos conteúdos programáticos possibilita aguçar a
criatividade, o interesse e o espírito crítico dos alunos. Além de gerar
resultados muito positivos com relação à leitura, à expressão oral, à
integração da classe e apreensão dos conteúdos veiculados nos textos.
A escolha
da peça Auto da Compadecida, de Ariano
Suassuna, se deu pelo fato de ser um drama que introduz elementos
da tradição da literatura de cordel, de gênero comédia com traços
do barroco católico brasileiro. Essa
peça mescla a cultura popular e tradição religiosa. Além disso, é
possível através do seu estudo e encenação compreender questões como a variação
linguística, os regionalismos, a diferença entre a norma culta e as expressões
coloquiais, entre outros.
Grupo
Teatro Nova Cena
Desde o início, o Projeto
Diagnóstico e Prevenção do Bullying, coordenado por Maria Inez Pereira considera
os alunos e demais participantes como sujeitos do processo de construção do
conhecimento. Esse protagonismo do aluno definiu as oficinas que deveriam ser
implantadas bem como as outras atividades (seminários, palestras, encontros com
famílias e campanhas). A primeira atividade do grupo foi “Não Sofra em Silencio”,
projeto de conscientização e mobilização. Os alunos depositaram em urnas espalhadas
pela escola denúncias da prática e de situações de violência na escola. Nessas
urnas, eles também depositaram sugestões de ações necessárias para
enfrentamento do Bullying escolar. Em seguida, foram desenvolvidas uma série de
oficinas: teatro, dança, violão e yoga. Todas se constituíram como um
importante espaço para a construção do dialogo. Da oficina de teatro, nasceu em
2006 o grupo teatral “Nova Cena”.
A oficina de teatro se
organiza a partir da necessidade de pensar as situações humanas pela imitação
do comportamento em ações concretas. A essência é o conflito entre personagens,
cada qual com boas razões para ser como é, e agir como age. A dramaturgia não
idealiza o homem, prefere expor sua diversidade e a divergência de seus
interesses. A encenação teatral é uma atividade de grupo destinado ao coletivo
e a socialização.
O objetivo desse
projeto é vivenciar relações prazerosas na comunidade escolar, promover a
sociabilidade e os saberes através de atividades lúdicas. Desde o ano de 2012,
os componentes do grupo de teatro estão trabalhando na elaboração de uma peça
autoral intitulada “Olhares sobre a escola”.
O impacto do teatro
na vida dos alunos pode ser visto em alguns depoimentos, Iasmine
Dias (coordenadora do grupo de teatro, em 2006) nos diz que “É difícil descrever a
importância, os sentimentos e as vivencias que o teatro me proporcionou. Tudo
começou em 2006, com a criação do grupo de Teatro "Nova Cena",
realização de um
sonho pessoal e o início de um novo olhar sobre a escola. Proporcionou um
aprendizado único, nos permitiu proximidade uns com os outros e até mesmo com a
escola. Aprendemos a respeitar opiniões contrarias, a trabalhar em grupo, a ter
mais concentração, a falar na hora certa, a pensar, a se expressar e a se liderar.
A aprendizagem através do teatro. deu-me
embasamento para o
mundo profissional e me enriqueceu como pessoa.”
Amanda diz que “O
grupo de teatro do IEMG foi um dos melhores desafios da minha vida escolar.
Foram várias tardes de sábado de muita dedicação e ensaios. Decidi ingressar no
grupo por causa da minha paixão pela arte e algum tempo depois me tornei
coordenadora. Desenvolvemos vários projetos e acabamos encenando um trecho da
peça “A Aurora da Minha Vida”, na “Semana da Normalista” de 2008. A
apresentação teve várias falhas, mas nos sentimos extremamente vitoriosos por
conseguir apresentar. Aprendi coisas com o “Nova Cena” que vão muito além do
teatro. As histórias, as risadas, as lágrimas... tudo faz parte de algumas das
minhas melhores lembranças.”
Professora de
Filosofia no IEMG em 2012, Raquel também participou do grupo. Ela diz: “O texto
da peça do grupo de teatro “Nova Cena”, realizado em 2012, proporcionou um novo
olhar na minha profissão, como professora consegui perceber questões, que na
maioria das vezes, não são valorizadas em sala de aula, mas que de forma
silenciosa fazem parte dos sentimentos dos nossos alunos”.
(texto produzido pelo
grupo ligado ao Projeto Diagnóstico e Prevenção do Bullying, coordenado por
Maria Inez Pereira)
A Educação Ambiental
A Educação
Ambiental é um processo participativo, onde o educando assume o papel de
elemento central do processo de ensino/aprendizagem pretendido, participando
ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e busca de soluções, sendo
preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades
e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizentes ao exercício da
cidadania.
Em 1992, a ONU declarou a data 22 de março como o Dia
Mundial da Água, e a cada ano o órgão promove um assunto relevante
relacionado à principal fonte de vida da Terra. No ano de 2011, o assunto é
"Água nas Cidades".
De acordo com dados a agência de água de São Paulo, a Sabesp, um brasileiro
consome até 200 litros de água por dia - número muito superior aos 3,3
m³/pessoa/mês (cerca de 110 litros de água por dia) indicados pelas Nações
Unidas.
Em trabalho de campo, os alunos do 4º e 5º anos do
Ensino Fundamental, participam do projeto da COPASA – Centro de Educação
Ambiental - BARREIRO. Os alunos
participam de palestra sobre a água e a preservação do Meio Ambiente, fazem
caminhada na dentro da área de preservação e conhecem como é realizado o tratamento da água que consumimos em Belo Horizonte.
Um dos lemas principais desse projeto foi: EVITE
O DESPERDÍCIO DE ÁGUA. Os alunos descobriram muitas formas que garantam o uso
consciente desse recurso tão importante para a humanidade. E como
multiplicadores, eles levaram esse conhecimento para as suas famílias. Atitudes
simples podem mudar o mundo: para
lavar calçadas, quintais etc., não há necessidade de usar a água tratada da
torneira. Pode-se reutilizar, por exemplo, água do tanque para essas
atividades. Quando for escovar os dentes ou fazer a barba, deixe a torneira
fechada; só abra quando for enxaguar a boca ou o rosto. Na hora do banho,
procure ficar menos tempo com o chuveiro ligado; pode-se fechar o registro
durante o ensaboamento. Fique atento aos
vazamentos de água em sua casa. Um buraquinho no encanamento de 2mm jogará fora
3.200 litros de água por dia, Substitua duchas de alta pressão por chuveiros,
pois gastam bem menos água; troque a mangueira por baldes quando for lavar o
carro. Muitos são os benefícios da
reciclagem, por exemplo: economia de energia; redução da poluição; geração de
empregos; melhoria da limpeza e higiene da cidade; diminuição do lixo nos
aterros e lixões; diminuição da extração de recursos naturais; menor redução de
florestas nativas. Reflita sobre seus hábitos de jogar fora: reduza o
desperdício, reaproveite tudo o que for possível e só depois envie para
reciclagem.
Projeto:
HOJE É DIA “D” PROERD
Em
uma parceria com a Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, os alunos do
Instituto de educação de Minas Gerais, participaram do lançamento do PROERD
2013 ( Programa Educacional de Resistência às Drogas) , onde os alunos do
Ensino Fundamental vão ter aulas sobre a prevenção das drogas. Em um encontro
alegre entre os alunos, policiais militares e o mascote do PROERD – O LEÃO, foi
dado início aos trabalhos de prevenção ao uso de drogas.
Durante
17 semanas a soldado Camila esteve com os alunos do 5º ano, onde os alunos
aprenderam com as drogas podem tornar as pessoas violentas e infelizes, o que é
ruim para todos. E também a ajudar a reconhecer e resistir as pressões que
poderão lhe influenciar a experimentar cigarro, maconha, bebidas alcoólicas ou
inalantes, entre outras drogas. Em aulas animadas e divertidas os alunos
participaram e estudaram sobre os perigos das drogas.
A
formatura foi dia 29/06/2012 e contou com a participação da soldado Camila,
soldado Leão, dos alunos e seus
familiares, o diretor do IEMG- Orivaldo Diogo, vice diretora Flávia Cardoso,
supervisora Telma de Abreu e as professoras do 5º ano – Ivana, Andréia, Maria
Lúcia, Débora, Janet, Soraia, Juliana, Valéria.
As
Sete Artes Universais - “NÃO EXISTE CONHECIMENTO SEM EMOÇÃO”
É
muito importante que o ensino/aprendizagem tenha como foco atividades
significativas voltadas para a emoção, através de histórias, jogos, música,
teatro,...etc
Projeto
idealizado pela professora Mônica Zanetti com alunos do Projeto Tempo Integral,
contou com a participação das professoras do 2º, 3º, 4º, 5º e 6º anos e
da presença da artista plástica Yara Tupinambá, do escritor Ronald Claver, da
pianista Margareth Zanetti Bester e do estilista Vlad Mendonça.
O
diretor Orivaldo Diogo abriu o evento falando da importância da comunidade no
IEMG. A exposição dos trabalhos dos
aluno no saguão do IEMG, abrilhantou o evento.
A festa Junina
A festa Junina dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental,
foi muito animada e divertida, com barraquinhas, danças, muita música,
brincadeiras, sorteios de brindes, e rifa do carrinho da fartura.
Ganhadora do carrinho da fartura: Bianca Stefane Gonçalves
Projetos
de conscientização e combate a dengue
Projeto:
Todos contra a dengue (fundamental 1)
A Secretaria de Estado
de Educação e a Secretaria de Estado da Saúde,
numa ação integrada, coordenada pelo Governo de Minas Gerais,
realizaram, no dia 12/04/2013, um conjunto de atividades para a combate à
Dengue. Esse foi um dia de fundamental importância para a SEE, SER e Escolas
Estaduais em espacial para os alunos do IEMG e toda a comunidade escolar, na
busca de alternativas para a erradicação da Dengue no Estado de Minas Gerais.
Considerando o objetivo
e a relevância da ação proposta, o empenho dos alunos do IEMG em se mobilizarem
na campanha contra a dengue realizando atividades em torno dessa temática,
durante a semana, com culminância dos trabalhos dia 12/04/2013, sexta-feira,
dia “TODOS CONTRA A DENGUE” e fizeram cartazes, murais, fantasiaram de
mosquito, fizeram armadilhas, passeata na entrada principal do IEMG, estão fazendo a caça ao mosquito em sua
casa.
Projeto
PIBID\UFMG – Combatendo a dengue (9° ano do ensino fundamental)
Desde
março de 2013, os alunos do 9º ano do ensino fundamental do IEMG participam do
projeto “Educação em dengue” (PIBID\UFMG). Coordenado pela professora Adla
Betsaida Martins Teixeira (Faculdade de Educação - FAE\UFMG) e pelo professor e
bolsista Marcel de Almeida Freitas. Esse projeto integra o INCT-Dengue
(Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Dengue, do Governo Federal) e,
em parceria com outro projeto federal, do Ministério da Educação, o PIBID
Pedagogia (Programa de Incentivo à Docência). Tem por objetivo suscitar
mudanças de comportamento individual e coletivo em saúde, especialmente contra
a dengue. A hipótese central que guia as pesquisas e intervenções do grupo é
que o controle e combate à Dengue dependem de mudanças em aspectos culturais
que regem o público e o privado, o político e o pessoal, os papéis de homens e
de mulheres na sociedade brasileira.
As
ações educativas do projeto focam na reeducação de diversas comunidades
escolares, entendendo os jovens como sujeitos que, por ainda estarem abertos e
receptivos à formação, são importantes veículos na promoção de mudanças de
valores e de comportamentos em suas famílias e nas adjacências onde vivem.
A
abordagem metodológica adotada é a da Pesquisa Ação, isto é, ao mesmo tempo em
que ocorre a investigação acadêmica, o grupo INCT-Dengue Ações Educativas
propõe transformações sociais. Num primeiro momento investiga-se o nível de
conhecimento sobre a doença em determinadas turmas de alunos da escola através
da aplicação de um questionário; em seguida, no intervalo de um semana, é
aplicado, na mesma sala um recurso lúdico, o Jogo da Dengue, que pelo fato de quebrar a rotina das aulas
tradicionais, agrada bastante ao alunado, inclusive do ensino médio. Por fim, o
mesmo questionário inicial é aplicado na turma a fim de verificar as mudanças
no nível de informação e conhecimento sobre a doença, sendo que temos percebido
que todo esse processo tem o efeito de, entre outras coisas, desencadear
discussões sobre o tema, por exemplo, ao longo das três semanas que dura a
intervenção. Como é defendido na teoria educacional, jovens são eficientes
multiplicadores de valores em suas comunidades, portanto, são importantes
protagonistas de mudanças comportamentais sobre diversos assuntos.
Desde 2010 tais estratégias estão sendo
aplicadas em escolas públicas de Belo Horizonte e região metropolitana, tendo
começado na cidade de Sete Lagoas, passou por escolas como Estadual Central e
Pedro II, onde foram desenvolvidos também curtas-metragens realizados
inteiramente pelos alunos (desde a produção até a atuação cênica) com o suporte
do grupo do PIBID Artes também da UFMG. Ao final, foi realizado um festival com
a apresentação desses curtas chamado 1 Minuto Contra a Dengue. Ainda na Escola Estadual
Pedro II foi criado o Blog Escolar que contem informações sobre a dengue e as
ações educativas no INCT naquela instituição. (texto de Adla Betsaida Martins
Teixeira e Marcel de Almeida Freitas)
Curtindo física no IEMG
– PIBID\UFMG
O projeto “Curtindo
física no IEMG”
partiu da constatação de que a “geração web” busca outras formas (e outras
fontes) de conhecimento. Para essa geração de alunos internautas, o processo de
ensino aprendizagem não fica restrito ao espaço da sala de aula. Pode ocorrer
em vários ambientes, principalmente, no espaço virtual. E o blog (que no início
era um simples diário on line) se tornou uma importantíssima
ferramenta para a construção, produção e divulgação de novos conteúdos. Permitindo
integrar teoria e prática de forma dinâmica.
O
blog “Curtindo física no IEMG” é um projeto interdisciplinar desenvolvido por Guilherme
Nazaré (aluno de graduação em física – PIBID\UFMG) com orientação de Alfonso
Chincaro (professor de física do ensino médio do IEMG). A elaboração desse
projeto partiu da premissa de que educar é colaborar para que educadores e
educandos – no espaço escolar e no espaço extra-escolar (utilizando tecnologias
de informação) – transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem.
Estimulando entre os alunos o interesse pela pesquisa e produção de
conhecimento. Aprofundando os conteúdos trabalhados em sala de aula. Ao mesmo
tempo em que contribui para a construção de uma nova atitude
diante do processo de ensino aprendizagem e para a formação de cidadãos
realizados e produtivos.
(Foto:
reprodução)
Projeto de História:
Grutas de Maquiné e Capitão do Mato - Pesquisa de campo e exposição
A escola contemporânea exige do
professor uma atitude inovadora. Reivindica também novas
estratégias e instrumentos que incentivem o desenvolvimento de habilidades e
competências necessárias para que o estudante (do ensino fundamental e médio)
se conscientize como sujeito social e crítico de sua história e do ambiente
onde atua. O trabalho de campo (visitas guiadas a região das grutas do Maquiné
e do Rei do Mato) propõe aos alunos uma nova experiência que exija a integração
interdisciplinar e a cooperação por parte de todas as disciplinas envolvidas no
Projeto (Ciências, Geografia, História, Matemática e Português)
O
projeto coordenado pelo professor Antônio Amaro Ferreira (ensino fundamental e
ensino médio) foi dividido em quatro etapas: fundamentação teórica, pesquisa de
campo na região das grutas do Maquiné e do Rei do Mato, sistematização dos
dados e
exposição dos resultados. O objetivo primordial desse trabalho é o de incentivar
o desenvolvimento de habilidades básicas nos alunos, tais como a observação, a
criticidade, a autonomia, a leitura, a pesquisa, a extrapolação, a reelaboração
de conhecimentos prévios e a sistematização do conhecimento científico.
Possibilitando aos educandos confrontar o conhecimento obtido nas diversas
áreas do conhecimento, por meio de pesquisa bibliográfica, aulas expositivas,
relatos de alunos, com a observação de dados concretos através das visitas aos
locais selecionados, e durante todo o itinerário da excursão. O resultado
produzido pelos alunos foi exposto no salão nobre do Instituto de Educação e
recebeu a visita de todos os alunos e demais membros da comunidade dessa
instituição.
.
Projeto Eleições, Ética
e Cidadania
Trabalho
interdisciplinar coordenado pelas professoras Geralda Rodrigues e Margarete
(História - 2° ano do ensino médio) que teve como tema principal o
funcionamento das eleições. O objetivo desse projeto é despertar a consciência cidadã dos alunos. Proporcionando aos educandos oportunidades
para que possam questionar, criticar, dar opiniões do que seria preciso mudar
para que possamos viver num país melhor. Incentivando a participação na vida
política de forma ativa. Mostrando a importância de bons governantes para
qualquer país. Observando de forma crítica as promessas dos candidatos,
verificando se realmente há possibilidade de cumpri-las e conhecendo o
significado do voto consciente.
Através
do estudo dos fatos históricos e sociológicos, das ideias filosóficas e
políticas, o aluno elabora um saber fundamentado e dialético que contribui para
a sua formação enquanto cidadão conhecimento consciente de suas potencialidades, conhecedor de seus direitos e
responsabilidades.
O produto final foi exposto no hall de
entrada e nos corredores internos do Instituto de Educação. A exposição foi
visitada pelos alunos e por membros da comunidade escolar.
Exposição de
trabalhos das turmas do primeiro ano de ensino médio\tarde (Foto: Margarete
)
Projeto Educação
Física: Campeonato esportivo
Projeto
da área de educação física coordenado pelas professoras do terceiro ano do
ensino médio Vivian Maria Reis e Vânia Lúcia da Silva Maia. A prática de esporte na escola ajuda a promover a
integração e o intercâmbio entre alunos, aumentando as oportunidades de
socialização e de aquisição de hábitos saudáveis, criando condições favoráveis
para o surgimento de novos talentos representativos do esporte Proporcionando oportunidades de vivência motoras
decorrentes das práticas esportivas, que permitam relações interpessoais para
contribuir com a ampliação das oportunidades de exercício da cidadania de
eventos e torneios esportivos.
Projeto: Coral Jovem do
IEMG
O
coral do Instituto de Educação é um projeto vinculado ao Programa de Educação
Afetivo Sexual (PEAS) coordenado por Maria Inez (professora de biologia do
ensino médio). É composto por trinta alunos do ensino fundamental e média.
Esse
projeto tem um grande impacto sobre os alunos participantes. Por que o estudo
da música contribui para que os alunos tenham uma postura mais responsável,
melhora a disciplina e autocontrole, ajuda a combater a timidez e aumenta a
integração\sociabilidade, favorece o desvolvimento dos estudos ao aumentar a
concentração, entre outros fatores.
A
direção dos trabalhos ficou a cargo de Paulo Ricardo Castro Costa, ex-aluno do
IEMG, formado pela Federação Pueri Cantores e graduando do curso de música da
Faculdade Izabela Hendirx. O maestro do coral, Paulo Ricardo já possui uma
vasta experiência na arte do canto coral. Começou ainda criança no coral Mater
Iglesi, de Santa Luzia – um dos cinco corais federados de meninos no Brasil. Os
estudos pela Federação Pueri Cantores possibilitou a troca de experiência com
maestros e cantores de vários estados brasileiros e também do exterior.
Possibilitando vivenciar a produção artística e a cena cultural de todos os
lugares onde estudaram.
O
coral do IEMG nasceu do desejo dos próprios alunos vinculados ao PEAS em
desenvolver uma atividade artística que envolvesse todos e que seria
apresentada no evento de encerramento do trabalho do PEAS de 2010. Esta
atividade seria realizada apenas para a abertura desse envento. O tempo era
curto, mas a vontade dos alunos era imensa. O que possibilitou a continuidade
dos trabalhos. O coral do IEMG já participou de inúmeros eventos e recebeu
convite para se apresentar até fora do país.
Projeto: Festival da Primavera
O projeto “Festival da Primavera”
é uma Feira de Talentos. Uma iniciativa de valorização do aluno, que recebe
infraestrutura para expressar a sua criatividade, talento e mostrar as
habilidades que desenvolve fora do ambiente escolar. Apresentação de talentos,
coroação do rei e da rainha da primavera, desfile de moda, concurso de dança,
apresentações musicais e de danças folclóricas foram algumas das atrações.
O projeto foi coordenado Quitéria
Maria e Hebe Matos. Envolveu todos os professores e funcionários do oitavo e
nono ano do ensino médio.
Projeto
de língua inglesa: Primeira Mostra Cultural
Projeto
interdisciplinar coordenado pela professora de língua inglesa Tânia Lopes. (3°
ano do ensino médio). Objetivando que os educandos conheçam a história e a
cultura dos povos falantes de língua inglesa, através da apresentação da vida e
da obra de diferentes personagens que marcaram sua época, em qualquer área do
conhecimento humano.
As
turmas foram divididas em grupos. Cada um deles escolheu um personagem, que
tenha sido um marco para o desenvolvimento em sua área. Os resultados das
pesquisas foram apresentados no formato de um trabalho escrito (segundo as
normas científicas) e de um banner que foi exposto no Salão Nobre da escola.
Projeto: dia D
O
“Dia D” ocorre uma vez por mês (sempre em dias alternados da semana) e tem por
objetivo criar um clima de amizade e confraternização entre alunos e
professores do terceiro ano do ensino médio. Ocorre sempre no horário do
intervalo (“hora do recreio”). É marcado por música e muita animação. Cada “dia
D” tem um tema específico e o aluno que não vier trajado adequadamente tem que
pagar uma multa. O valor é simbólico e vai para os eventos da formatura. Na
verdade, esse valor monetário tem pouca importância. O que importa realmente
para um aluno do terceiro ano que vai fazer o exame do ENEM, é que o “dia d” se
tornou um momento importante para diminuir a ansiedade, estresse e a pressão da
família.
Ioga na educação: uma das
ferramentas no enfrentamento do bullying escolar
O projeto “Ioga na educação” integra o projeto “Diagnóstico e Prevenção
do Bullying” que utiliza essa prática milenar como uma ferramenta para
professores e alunos desenvolver a autoconsciência, relaxamento e a
identificação dos seus limites. A palavra ioga significa controlar, unir, e é um termo de origem sânscrita, uma língua
presente na Índia, em especial na religião hinduísta. É um conceito e uma
filosofia, que trabalha o corpo e a mente, através de disciplinas tradicionais
de quem a pratica. É uma
aprendizagem para a vida, onde o praticante orientado e aprende a discernir o
correto e o incorreto, num campo experimental definido. Os resultados desse
projeto são palpáveis: todos os alunos do segundo grau que praticaram yoga em
2012 passaram no vestibular e, com certeza, o yoga teve um papel importante
nessa conquista.
O dia a dia dos professores e alunos no mundo
moderno é muito estressante. A ioga permite ao professor e ao aluno que a
pratica despertar a sensibilidade, a inteligência múltipla, a criatividade e a
felicidade que cada um trás dentro de si. Professores e alunos podem verificar
que para aprender e ensinar é necessário ter o corpo relaxado, a respiração
livre, as emoções equilibradas e a mente concentrada.
PIBID
PUC Minas\ IEMG – Educação Física
O
PIBID é um Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência, do governo
federal. Está em atuação no IEMG, com parceria da PUC Minas, desde o 2º
semestre de 2012. Atuando com a disciplina Educação Física conta com a
participação dos bolsistas, alunos da PUC Minas: Cristiane Cassimiro de Jesus,
Guilherme Augusto Coelho de Oliveira, Lucas Iago Silva de Almeida, Natália
Roberta Vieira e Samuel Tomaz Domingos Gualberto, que é ex-aluno do IEMG. A
professora Vivian Reis de Educação Física, atua juntamente com eles incluindo a
participação dos alunos do 1º ano do ensino médio do turno da tarde.
A
partir de um diagnostico feito com os alunos sobre as aulas de Educação Física
neste semestre, foi desenvolvido um projeto sobre os esportes, com o objetivo
de desconstruir “o esporte NA escola” e construir “o esporte DA escola”. Os alunos do 1º ano fizeram uma
pesquisa sobre as diversas modalidades esportivas, além da construção de
maquetes, debates, aulas práticas visando reconhecer maneiras de como adaptar
os esportes para serem jogados na escola, proporcionando a todos a oportunidade
de vivências práticas esportivas, com uma visão crítica.
Projeto
da Língua Portuguesa
Nas
aulas de português, é muito comum a
produção de redações narrativas, descritivas e dissertativas, nas quais não conseguem garantir efetivamente o
conhecimento necessário para produzir os textos que os alunos terão de escrever
ao longo da vida. Pois, as antigas composições muitas vezes eram realizados de
forma mecânica (simplesmente, para cumprir uma tarefa e garantir uma nota no
final positiva) .
Para mudar esse quadro é importante formar nos alunos comportamentos de leitores e escritores. Os nossos
alunos têm que participar de modo eficaz (produtivo e criativo) das atividades
da vida social que envolvam escrita e a
leitura.
No ano de 2012, com as turmas do terceiro ano do ensino médio, o
professor Mauricio Fonseca produziu com seus alunos revistas referentes aos
assuntos da língua portuguesa (gramática, literatura, gênero textuais). Esse
projeto foi elaborado tendo a interdisciplinaridade como foco central. Aliando
teoria e prática.
Produzir uma revista não é algo simples. Exige uma postura crítica, onde
o aprendizado deve ocorrer de forma dinâmica. O aluno descobriu ao longo do
processo que cada ação ou objetivo envolve um tipo de texto com uma finalidade,
um suporte e um meio de veiculação específicos. Conhecer esses aspectos é
condição mínima para decidir, o que vai escrever e de que forma fazer isso. Evidenciando
que não são apenas as questões gramaticais ou notacionais (a ortografia, por
exemplo) que ocupam o centro das atenções na construção da escrita, mas a
maneira de elaborar o discurso.
Entrevista
Elza
Machado de Melo destaca-se por uma trajetória profissional relevante para a
sociedade e uma formação identitária coerente como pesquisadora, professora e
cidadã. Professora do Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais, coordenadora do Núcleo de Promoção de Saúde e Paz/DMPS/FM/UFMG e da
Rede Saúde e Paz, criadora e coordenadora do Mestrado Profissional de Promoção
de Saúde e Prevenção da Violência (FM/UFMG). É líder do Grupo de Estudos sobre
Saúde e Violência. Dentre os seus últimos trabalhos, destaca-se o “Projeto de Atenção Integral à Saúde da Mulher em Situação
de Violência” e o seminário “Para elas: por
elas, por eles, por nós”.
Nessa entrevista, realizada por Ronaldo Campos e Maria Inês
Pereira, a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais, Elza Machado de Melo destaca a importância de projetos que unem teoria
e prática, que buscam uma abordagem integral e que respeitem a diversidade
sociocultural. Além de demonstrar a importância do trabalho em rede, que envolve vários atores sociais.
RC: Inicialmente, gostaria que a senhora contasse
um pouco como foi o início da sua trajetória acadêmica-profissional.
EMM:
Sou professora da Faculdade de Medicina e iniciei a minha trajetória
acadêmico-profissional um ano depois de formada como professora no internato
rural. São trinta anos de muito trabalho, onde muita coisa aconteceu. As minhas
escolhas me conduziram ao lugar onde estou agora e tenho muito orgulho do meu
trabalho como médica, da minha formação acadêmica (mestrado e doutorado) e dos
projetos e pesquisas que coordeno aqui.
No
começo, encontrei muitas dificuldades para desenvolver projetos e programar
ações. Eu era uma médica clínica que trabalhava com o orgânico e com questões
próprias da saúde e da doença. Era uma jovem recém-formada de vinte e poucos
anos que contava apenas com a ajuda de alguns alunos do curso de medicina e
tinha que resolver o dilema de trazer algum nível de desenvolvimento para a
saúde de uma determinada cidade do interior do nosso país.
A
única certeza era a impossibilidade de trabalhar os problemas da área de
medicina preventiva e social como se fossem autônomos em relação ao contexto
social, político e ideológico do país e do mundo. Era preciso trabalhar com a
sociedade como um todo, com a população inteira. Nesse momento, essa tarefa
parecia impossível e durante muito tempo me senti impotente diante da grande
complexidade da realidade. Apesar de tudo isso, tinha a convicção de era
possível levar o conhecimento que foi adquirido aqui na universidade para
regiões carentes do nosso estado. E assim iniciávamos os projetos.
RC: No inicio, quais foram as dificuldades para
implementar projetos e ações? E como esse impasses foram resolvidos?
EMM:
No Brasil, em grande parte das vezes, não há uma continuidade
político-administrativa. O que é começado em um mandato pode ser interrompido
imediatamente no mandato seguinte. E, assim, durante um bom tempo, começávamos
um projeto e logo em seguida “ele se desmanchava”. Para em seguida começar
novamente outro projeto que por sua vez também poderia ser “desmanchado”. E
nesse começar e recomeçar quase que contínuo, compreendi que era preciso fazer
algo imediatamente.
Percebi
que era preciso encontrar mecanismos que não deixasse e que não permitissem que
os progressos obtidos pelos nossos projetos fossem desperdiçados sempre que
ocorresse a substituição do partido político dominante, a posse de um novo
prefeito, a mudança do secretário de saúde do município ou a substituição dos
profissionais da área de saúde. Era preciso criar alguma base, uma raiz, um
vinculo, uma durabilidade para aqueles projetos.
RC: Que elemento é esse?
EMM:
Esse elemento pode ser sintetizado da seguinte forma: qualquer projeto só pode
ter durabilidade se for um projeto que pertença a todos os sujeitos envolvidos
nele. Por isto é tão importante estabelecer parcerias, onde, os participantes
são sujeitos reconhecidos e portadores de competências, de vontades e, assim,
capazes de construir um mundo, de manter viva a possibilidade de um
conhecimento progressivo, cada vez mais racional, cada vez mais avançado do
ponto de vista do desenvolvimento humano. Portanto, é possível elaborar e
implantar projetos efetivos e duradouros que tenham como base o agir coletivo,
respeitoso, que preserva comemora as pessoas. E essa ação já contém em si mesma
a possibilidade de superação da violência.
RC: E como foi constituída a fundamentação teórica
dessa prática?
EEM:
De fato foi a prática que me sinalizou um caminho a percorrer. Mas, faltava
definir de modo claro e preciso uma fundamentação sólida para a minha práxis. Por isto resolvi investir na
minha formação acadêmica.
Fiz
o mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Escolhi essa área exatamente por que ela abre um campo de possibilidades para
pensar os fenômenos sociais de forma ampla e integral. A fundamentação teórica
para discutir desafios – como, por exemplo, o da superação da violência – foi
encontrada nas ideias do filósofo Jurgen Habermas (a “Teoria da Ação Comunicativa”), cuja base é
o entendimento linguístico ou pacto racional entre sujeitos (ou o procedimento
racional de aquisição desse acordo) mediado pela linguagem no seu uso
comunicativo cotidiano (a fala). O foco principal aqui é basicamente a força
das razões apresentadas (o argumento), e, neste sentido, não envolve nem um
outro tipo de coerção. O que é estabelecido nessa relação é uma ação
intersubjetiva, onde, todas as pessoas envolvidas se reconhecem reciprocamente
como sujeitos. Em suma, o filosofo trabalha exatamente com as
interações do cotidiano (na práxis comunicativa do cotidiano) de sujeitos que
usam a linguagem na perspectiva de se entenderem e de construírem um mundo.
Em
resumo, a
teoria da ação comunicativa de Habermas é o fundamento teórico da minha
prática. As ideias habermasianas ofereceram um subsidio tão radical, pois o filosofo trabalha exatamente as interações na práxis
comunicativa do cotidiano de sujeitos que usam a linguagem na perspectiva de se
entenderem e de construírem um mundo.
A
premissa do meu trabalho e dos nossos projetos é essencialmente prática. É
nascida no cotidiano, na minha interação com as outras pessoas. A teoria veio
como uma resposta para uma pergunta que eu já buscava e que já havia sido posta
pela minha prática.
RC: A sua atuação na Faculdade de Medicina se
destaca em vários campos. Certamente, os projetos que a senhora coordena têm
uma grande visibilidade e importância social. Como ocorreu a gênese desses
projetos? E quais foram os desdobramentos desses projetos?
EEM:
Não adianta fazer lindos projetos de cima para baixo. Ou é feito de maneira
participativa ou então não vai acontecer. Nessa perspectiva, nasceram os
projetos “Pirapora Adolescente”, “Meninos do rio”, “Frutos do morro”, “Núcleo
de promoção de saúde e paz”. Este núcleo é fruto da história de vários projetos
interligados que foram se articulando, somando. Entendendo que quanto mais a
gente se agrupava, maior era a nossa capacidade de enfrentar os problemas e
atuar do jeito que queriamos com os objetivos que estabelecemos.
Os
projetos nasceram da experiência e da participação dos seus próprios
integrantes. Por exemplo, no caso da Maria Inês Pereira, ele chegou até nós e
disse: “ – eu não estou representando um
projeto. Eu sou uma professora que está começando uma experiência numa escola e
quero saber se me cabe aqui.” E eu disse sim. E ela apresentou a sua experiência.
Simultaneamente, outras pessoas foram convidadas. E essas pessoas foram
trazendo outras. Ficamos um ano, numa espécie de grande seminário, assistindo
as apresentações de tantas experiências. E estas foram discutidas, analisadas e
sistematizadas. E desta sistematização nasceu uma primeira matriz curricular
que a universidade aprovou como um curso de aperfeiçoamento. Deste curso de
aperfeiçoamento com aquela experiência nós formamos três turmas.
RC: Para os projetos desenvolvidos, qual é a importância
de ter uma equipe formada por pessoas com formação e experiência de vida tão
ampla e diversificada?
EEM:
Nós nos beneficiamos com o conhecimento que cada um dos professores trouxe.
Pois, foi possível transformar todos esses saberes pulverizados em saberes
interelacionados e que dialogam com outros e com a própria realidade na qual
estamos inseridos. Gerando um saber coletivo e que por sua vez gerou também uma
matriz curricular de um curso de pós-graduação latu senso da universidade
federal.
RC: O que a senhora sentiu quando o curso de
pós-graduação latu senso nascido de todo esse processo foi aprovado pela
Universidade Federal de Minas Gerais?
EEM:
Quando esse curso foi aprovado, eu me sentia a pessoa mais feliz que você possa
imaginar. Porque a universidade que tem o papel de gerar as matrizes do
conhecimento, as formas de transmissão do ensino reconheceu algo que nasceu da
experiência das pessoas na sua vida, nos seus lugares de trabalho, nas suas
cidades, nos seus bairros. Isto é muito
simbólico no sentido de que é possível trabalhar nessa perspectiva
participativa. Para o mestrado profissional foi um pulo. Hoje temos muitos
projetos (alguns com alcance nacional e de grande porte) e sessenta mestrandos.
Tudo e todos nascidos da convicção de que se a gente unificar, somos capazes de
vencer atritos, conflitos e vaidades egoístas e individualistas.
[1] Ex-aluna do Instituto de Educação de Minas Gerais, professora de
língua portuguesa do ensino médio do IEMG, graduação em comunicação social pela
PUC-MG e em licenciatura plena em Letras (Português\Inglês) pela Faculdade
Pitágoras de Belo Horizonte.
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